“Contos de Portugal” editados em França para colmatar falta de antologia portuguesa

Paris, 22 nov. (Lusa) – A editora francesa Éditions Chandeigne publicou o livro “Contes du Portugal” (“Contos de Portugal”), para colmatar a falta de uma antologia de contos portugueses em França, disse à agência Lusa a editora Ana Lima.

A antologia “Contes du Portugal” vai ser apresentada no dia 22 de novembro, no Consulado-Geral de Portugal em Paris, onde vão ser expostas, até janeiro, as ilustrações originais do livro do pintor Philippe Dumas.

A obra reúne 40 contos populares portugueses, como “A História do Macaco de Rabo Cortado”, “Branca Flor”, “Grão de Milho” e “O Tejo, o Douro e o Guadiana”, entre outros, selecionados pelas Éditions Chandeigne e pelo tradutor Bernard Tissier.

“Em França há umas antologias – houve uma pequena publicada na ‘L’Ecole des Loisirs’ – mas às vezes misturam lengalengas e contos e não é bem a mesma coisa. Para o conhecimento da cultura de um país, os contos são muito importantes, é uma coisa tanto para adultos como para crianças. Em França há coisas muito bonitas sobre os contos russos, italianos, sicilianos, e portugueses não havia, o que é um bocado uma vergonha, porque é uma maneira de transmitir uma cultura ancestral”, explicou Ana Lima, diretora das Éditions Chandeigne.

Os contos foram traduzidos por Bernard Tissier que trabalha com a editora especialista em literatura lusófona desde 1997, para quem traduziu, nomeadamente, “Romance da Raposa”, de Aquilino Ribeiro, e “Lendas e Narrativas”, de Alexandre Herculano.

“Fizemos uma seleção a partir de uma leitura bastante larga de contos populares que tinham sido recolhas feitas por folcloristas portugueses, como Adolfo Coelho, Consiglieri Pedroso, Leite de Vasconcelos. Esses contos, às vezes, estão contados de maneira um bocado direta como um levantamento etnográfico. Outros já tinham sido um bocado recontados. A tradução é um bocado adaptada, mas controlada, para serem contos legíveis por um público francês”, explicou a editora.

Ana Lima sublinhou que, por haver nos contos populares “histórias que são um bocado universais e que se encontram em todas as tradições”, procurou “contos mais locais, ancorados numa realidade mais portuguesa”, havendo “provavelmente contos que nem os portugueses conhecem bem”.

As histórias são ilustradas a tinta-da-china e aguarela por Philippe Dumas, “um autor ilustrador muito conhecido em França, que desenha muito bem e com muito humor”, afirmou Ana Lima, acrescentando ter organizado uma viagem a Portugal para que o artista criasse as imagens diretamente no livro de contos.

“Conseguimos organizar uma pequena viagem a Portugal em março. Ele tinha-me pedido para eu fazer a composição do livro e eu imprimi num papel com qualidade e ele foi com o livro já composto e desenhou diretamente. Esteve ali na zona das Caldas, na zona de Tomar, Castelo de Vide, Marvão, e na zona da Guarda. Os contos sendo talvez mais do norte de Portugal, ele tentou encontrar uma atmosfera”, acrescentou.

Ana Lima afirmou, também, que Philippe Dumas é um “ilustrador muito conhecido dos bibliotecários”, contribuindo para o objetivo de fazer entrar o livro nas bibliotecas francesas em que “os contos são uma coisa importante” e onde lhe disseram que não havia contos portugueses.

A editora já tinha publicado, em 2010, um livro de lengalengas, “Le Mariage Parfumé & Autres Comptines Portugaises”.

As Éditions Chandeigne são uma editora francesa, fundada em 1992 e especializada no mundo lusófono, que publicou “mais de 150 livros sobre a cultura lusófona no mundo e mais de 70 sobre a cultura portuguesa”, de acordo com o cofundador, Michel Chandeigne, também proprietário da Livraria Portuguesa e Brasileira em Paris que “existe há 30 anos e que é a última livraria lusófona a resistir em França”.

CAYB // MAG – Lusa/fimcontes-du-portugal
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