Maputo, Moçambique, 18 jun 2019 (Lusa) – O consórcio de exploração de gás natural em Moçambique, liderado pela petrolífera norte-americana Anadarko, anuncia hoje formalmente um dos maiores investimentos de sempre no país, avaliado em 25 mil milhões de dólares (22,2 mil milhões de euros).
O valor do plano de desenvolvimento da Área 1 da Bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, a província mais a norte de Moçambique, representa o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) do país, ou seja, a riqueza que o país produz a cada ano.
A cerimónia de decisão final de investimento está marcada para hoje à tarde numa tenda montada especialmente para o efeito no recinto da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo.
O investimento vai ser utilizado para furar o fundo do mar, sugar o gás natural através de 40 quilómetros de tubagens para uma nova fábrica onde vai transformado em líquido, na península de Afungi, distrito de Palma.
Ao lado desta fábrica vai ser construído um cais para navios cargueiros especiais poderem ser atestados com gás natural liquefeito (GNL), que vai ser vendido sobretudo para mercados asiáticos (China, Japão, Índia, Tailândia e Indonésia), mas também europeus, através da Eletricidade de França, Shell ou a britânica Cêntrica.
Haverá ainda uma parcela mais pequena que vai ficar no país e que será canalizada para produção de eletricidade, transformação em combustíveis líquidos e adubos, em Moçambique.
O plano da Área 1 prevê inicialmente duas linhas de liquefação de gás com capacidade total de produção de 12,88 milhões de toneladas por ano (medição para a qual se usa a sigla mtpa), sendo que o empreendimento pode crescer até oito linhas, prevendo-se que o projeto esteja concluído em 2024.
Além da Anadarko, que lidera o consórcio com 26,5%, o grupo que explora a Área 1 é constituído pela japonesa Mitsui (20%) e a petrolífera estatal moçambicana ENH (15%), cabendo participações menores à indiana ONGC (10%) e à sua participada Beas (10%), à Bharat Petro Resources (10%), e à tailandesa PTTEP (8,5%).
A Anadarko deve ceder a liderança do consórcio à francesa Total até final do ano, depois de ser comprada (processo ainda em curso) por outra petrolífera dos EUA, a Occidental, que por sua vez celebrou um acordo para venda dos ativos em África.