Entrevistado pela Rádio de Cabo Verde (RCV) antes de partir para Maputo, Jorge Borges indicou que Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste já defenderam a entrada da Guiné Equatorial na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com Portugal como único Estado que se opõe.
“Não podemos colocar a questão entre Portugal e a Guiné Equatorial. Politicamente, teremos de a analisar enquanto instituição, pelo que têm de se aproximar posições e dirimir os pontos que não estão bem esclarecidos. Há um consenso, é uma instituição que se gere por consensos, e ninguém tem direito de veto”, disse.
“Eu não colocaria essa questão nessa base. Portugal e a Guiné Equatorial têm estado a falar diretamente, era isso que era necessário proporcionar, e isso já aconteceu. Pensamos que poderemos ter uma posição de consenso na reunião” em Maputo, acrescentou.
Por outro lado, Jorge Borges afirmou que o que está em causa na candidatura da Guiné Equatorial não é o seu potencial económico, mas sim os laços culturais comuns aos restantes países da CPLP.
“Há outros países também economicamente fortes, com quem podemos trocar experiências, apoiar-nos mutuamente, o que é o princípio da própria organização. Não penso, não creio, ser esse só o móbil, por ser um país economicamente forte. Há afinidades culturais e relações históricas que o justificam”, sustentou.
“A própria Guiné Equatorial sente que a CPLP, pelo desenvolvimento que tem, pode ajudá-la nesse processo de democratização e de desenvolvimento inclusivo, mais nessa base cultural e política do que numa ótica puramente económica.
Sobre outro dos temas que estará em destaque no Conselho de Ministros de Maputo é a questão das eleições na Guiné-Bissau, o chefe da diplomacia cabo-verdiana desdramatizou um eventual adiamento da votação, marcada para 16 de março e manifestou-se satisfeito pelo evoluir do processo.
“Tudo aponta que haverá um adiamento. Regozijamo-nos com as notícias de que o processo decorreu com o agrado de todas as partes. Agora, há que garantir que o processo eleitoral decorra da melhor forma e tentar estabelecer o acompanhamento após as eleições”, concluiu.
A candidatura da Guiné Equatorial à CPLP foi chumbada por Portugal, que impôs três condições: a introdução do português como língua oficial (já aprovada), o ensino do português (que está em curso) e uma moratória sobre a pena de morte, que ainda falta ser aprovada pelo governo de Obiang.
JSD // PJA. – Lusa/Fim
Foto: Jorge Alberto da Silva Borges, ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde, Cidade da Praia, 04 de dezembro de 2012. ANTÓNIO COTRIM/LUSA