Quando falamos sobre tecnologia, em especial, é impossível não pensar em quantas palavras surgem ano após ano.
Para se ter uma ideia, a última versão do dicionário, lançada em 2010, tem 6 mil verbetes a mais do que a anterior. Entre eles: pop-up, hotspot, tablet, tuitar, mix, fotolog, bullying, blogar, data-show, e-book, blue tooth, blu-ray e nerd (essa chegou um pouco atrasada, não é mesmo?).
Pensando nisso, a equipe Tecmundo preparou um guia para matar a curiosidade daqueles que sempre se perguntam sobre a origem de vários termos ligados à computação. Começamos com alguns que todo mundo usa – ou pelo menos vê por aí – diariamente. Boa leitura!
Os bugs são mais antigos do que parecem
Esse é um termo que é muito mais associado a um mito do que propriamente à realidade. A história mais contada – a de que, em 1946, o programador Grace Hopper encontrou uma mariposa presa dentro do seu computador prejudicando o funcionamento da máquina – é, de fato, verídica.
Entretanto, a palavra já havia sido empregada quase 70 anos antes do episódio de Hopper. O multi-inventor Thomas Edison, aclamado pela lâmpada e o gramofone, relatou em seus diários sobre a presença de “bugs” em suas invenções. Os “bugs” nada mais eram do que pequenas falhas e dificuldades que apareciam nos aparelhos durante todo o processo de testes.
Geek: origem cosmopolita
Há quem diga que o geek é o nerd dos novos tempos. Enquanto estes eram mais relacionados à matemática, ficção científica e reclusão, os geeks são identificados pela maior sociabilidade e pela estética rica e própria (música, moda, comida etc.) – sem nunca se esquecer dos hábitos e interesses peculiares.
Em linhas gerais, o termo veio da evolução de uma salada de denominações em diversos idiomas. Segundo o pesquisador Lars Konzack – que também considera os geeks uma manifestação de contracultura -, a palavra apareceu pela primeira vez na língua inglesa em 1876, como um sinônimo para “fool” (bobo).
Outra vertente, do alemão arcaico, tem o verbo “geck” significando “zombar”. Mas será o geek alguém bobo e que é zombado? Calma lá!
Posteriormente, a palavra foi usada para se referir a pessoas que realizavam exibições excêntricas, como comer insetos em público ou arrancar a cabeça de aves com a boca (isso faria de Ozzy Osbourne um geek no começo dos anos 80?).
Na língua holandesa e no africâner, a raiz etimológica de “gek” denota um indivíduo louco. Dessa forma, há duas analogias possíveis.
A primeira diz respeito à concepção de que um geek é alguém fora do comum perante a sociedade, enquanto a segunda pode correlacionar a ideia de comer insetos com o fato dos geeks acabarem com os “bugs” de computador.
Deu para entender? (Se a sua resposta foi negativa, você está precisando ser um pouquinho mais geek!).
Mouse: injustiça com os inventores
Que um mouse de computador parece um rato ninguém discorda. Mas quem foi o primeiro sujeito a ter esta brilhante constatação? O nosso gentil companheiro do dia a dia foi criado em 1965, por dois pesquisadores americanos, Douglas Engelbart e seu assistente Bill English.
Procurando um dispositivo de interação homem-máquina capaz de transferir os movimentos da mão para uma superfície com coordenadas X e Y, os inventores chegaram a uma caixa que continha uma espécie de roldana dentro. O detalhe que deu nome à criação foi o fio acoplado na parte traseira, já que ele se assemelhava a uma cauda de rato.
Ambos os inventores não ganharam e continuam não ganhando nenhum centavo pelos milhões de mouses comercializado mundo afora. Ah, se cada clique valesse um centavo…
Ctrl + Alt + Del = culpa do Bill Gates?
Quanto mais os computadores avançam, mais aumenta a esperança dos usuários de que as máquinas nunca mais vão travar. Se hoje temos sistemas cada vez mais estáveis e algumas pessoas ainda quebram a cabeça com falhas e lentidão, imagine como era a situação nos primórdios da computação.
David Bradley, programador da IBM na época, criou o atalho Ctrl + Alt + Del para facilitar a reinicialização da máquina, excluindo a necessidade de se apertar o botão liga/desliga. A princípio, o comando deveria ficar restrito a desenvolvedores, mas acabou sendo disseminado entre os usuários comuns.
O próprio Bradley aproveita para se livrar da culpa de aborrecer tanta gente, dizendo que ele dedicou apenas cinco minutos no trabalho de programação e que Bill Gates (mais precisamente o Windows) foi o responsável por transformar o atalho em um verdadeiro ícone pop relacionado a problemas no computador.
O spam e a lata de presunto
O spam também é mais velho do que parece. Embora você provavelmente tenha ouvido falar sobre ele em meados dos anos 90 – no momento em que sua caixa de email agonizava com mensagens inoportunas -, os spammers já agiam de má fé há tempos nos becos escuros da história da transmissão de dados.
Através do tataravô do Second Life, chamado de MUD (Multi-User Dungeons – imagine um RPG funcionando integralmente por mensagens de texto), alguns afobadinhos gostavam de repetir incessantemente a palavra “SPAM” para fazer os comentários de outros jogadores desaparecerem da tela.
E por que spam? A razão da escolha se deve a outro totem da cultura nerd: o seriado setentista Monty Python. Em um dos episódios, os personagens satirizam com vikings e falam sem parar a palavra “spam”, cujo significado, na verdade, é atribuído a uma clássica marca americana de presunto apimentado.
Breve apanhado das redes sociais
Por terem sido criadas recentemente, as redes sociais têm a origem dos seus nomes mais disseminada entre os usuários. O Orkut, por exemplo, foi batizado pelo primeiro nome do seu criador, o engenheiro turco Orkut Büyükkokten.
“Facebook” é o nome de um livreto que estudantes recém-chegados na universidade recebem para conhecer melhor os colegas. Assim sendo, a primeira tacada da maior rede social ativa do mundo foi a de ser uma mera agenda online para identificação e comunicação de universitários.
O Twitter também segue uma receita bem concreta, a partir do ditado “um passarinho me contou”. Em inglês, o verbo “tweet” quer dizer “piar”. Isso mesmo, o pio dos passarinhos.
Nada mais pertinente para um sistema de mensagens rápidas e curtas que interligam milhões de pessoas.
Apesar da maioria dos termos não ser originária do português, alguns já nos são tão íntimos que até nos esquecemos disso. Chamar “touch screen” de “tela de toque” fica meio démodé, não fica? E de que outra forma você poderia chamar um “link”.
FONTE: Terra