A mulher que levou a língua portuguesa até ao espaço interestelar


Apesar de Janet Sternberg não ser nativa do Brasil nem de nenhum outro país colonizado por Portugal, foi a voz dela que levou a língua portuguesa até o espaço interestelar. Em 1977, Janet foi convidada por uma equipe chefiada pelo astrônomo Carl Sagan para pensar em uma saudação que seria enviada para fora do Sistema Solar.

Disco de cobre banhado a ouro
Disco de cobre banhado a ouro

Gravada em um disco de cobre banhado a ouro, a mensagem viajaria eternamente pelo cosmos com as duas naves Voyager, lançadas pela Nasa em 1977. É como um náufrago que manda um bilhete dentro de uma garrafa pelos oceanos. A linguista deveria escolher uma frase que representasse toda a comunidade lusófona do planeta Terra, estimada em cerca de 250 milhões de pessoas espalhadas por nove países. Diante de uma tarefa tão ingrata, Janet decidiu pensar em algo que simbolizasse o lugar que a viu crescer — o Brasil. Para ela, os dizeres que melhor nos representavam eram: “Paz e felicidade a todos.”

Nascida em Nova York, ainda criança mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde aprendeu a falar fluentemente o português. Voltou aos Estados Unidos com 13 anos e, em 1975, ingressou no Departamento de Línguas da Universidade Cornell para cursar pós-graduação. Foi ali que, dois anos mais tarde, Sagan e sua equipe recrutaram às pressas cerca de 40 pesquisadores para gravar 55 saudações em línguas diferentes, arcaicas e modernas, para compor a cápsula do tempo cósmica batizada de Golden Record. Em entrevista a GALILEU, Janet Sternberg conta como foi o processo de recrutamento, o dia da gravação, relata como era sua relação com as outras “vozes” do projeto e também com Carl Sagan, que na época era um “João Ninguém”. Ela explica ainda o porquê da frase “Paz e felicidade a todos”, além de descartar a possibilidade de uma civilização alienígena chegar a interceptar as naves e os discos. A seguir, os principais trechos do bate-papo.

 

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