Na 2ª Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, vai ser feito um balanço dos resultados do Plano de Acão de Brasília, definido aquando da I Conferência sobre o futuro da língua portuguesa, realizada em 2010, no Brasil, explicaram em conferência de imprensa, Murade Murargy, Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Ana Paula Laborinho, Presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua Portuguesa, Ivo Castro, Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e o Embaixador Rui Lopes Aleixo.
Mas para já, o Secretário Executivo da CPLP adiantou já o ter havido um sucesso relacionado com a internacionalização da língua portuguesa nos organismos internacionais.
«Nos organismos internacionais, como na União Africana, na Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CDAO), na Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), a língua portuguesa já está a ser utilizada como língua de trabalho ou como língua oficial tanto na interpretação como na documentação».
Para além disso, referiu Murade Murargy «nas Nações Unidas, em Nova Iorque e em Genebra nós garantimos os serviços de interpretação e tradução para os dirigentes que se encontram. Esses são os progressos que já estamos verificando».
Mas também na economia mundial, a língua portuguesa tem-se afirmado cada vez mais, sendo já a terceira língua utilizada nos negócios do petróleo e do gás.
«Neste momento a língua portuguesa é falada fora do espaço da língua portuguesa», explicou Secretário Executivo da CPLP e acrescentou que, poer exemplo, «a China que tem grandes relações com alguns países africanos da língua portuguesa, tem tido relações comerciais e negociações económicas, em que utilizam o português para negociar os acordos que têm com esses países».
A este respeito, Ana Paula Laborinho, Presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua Portuguesa, adiantou que «somos uma comunidade de 290 milhões, para além dessa comunidade há um crescente interesse pela língua portuguesa e não podemos esquecer que nos países da CPLP o conhecimento se faz maioritariamente, a escolarização, em língua portuguesa».
Pelo que «não é por acaso que a China está a investir tão fortemente no ensino do português», isso acontece «porque lhe reconhece a capacidade de ser uma língua internacional que se está a projetar no mundo».
Mas apesar dos avanços alcançados desde 2010, existem objetivos do Plano de Acão de Brasília que não foram cumpridos.
«Os objetivos são financeiros», afirmou o Secretário Executivo da CPLP e acrescentou que «os grandes obstáculos são financeiros porque é preciso pagar os serviços que são prestados. Para termos a língua portuguesa como língua de documentação da Assembleia-geral das Nações custa caro e os nossos países ainda não têm capacidade financeira para o fazer», por isso, «são os grandes obstáculos que nós temos».
Também o Instituto Camões, devido às reduções orçamentais que se verificaram nos últimos anos, tem enfrentado novos desafios na difusão e ensino da língua.
Ana Paula Laborinho explicou à TV Ciência que «não escondemos que existem dificuldades e que existem redução, mas paralelamente vemos os países parceiras da cooperação portuguesa com cada vez mais capacidade e interesse em também eles serem financiadores de projetos».
A Presidente do Camões – Instituto da Cooperação e Língua Portuguesa disse mesmo que este «não pode ser um esforço só de Portugal, tem de ser um esforço cada vez mais conjugado e felizmente a par de uma menor capacidade de Portugal, temos uma maior capacidade de outros países de língua portuguesa. O que eu penso que no seu conjunto dá ainda um resultado mais positivo».
Para além da avaliação da implementação do Plano De Ação de Brasília, a Conferência em Lisboa incidirá sobre a língua portuguesa como língua de conhecimento e ciência e como língua de inovação.
«Há várias questões que têm de ser tratadas, não só a questão das bases de dados científicas, da indexação da documentação científica, mas até dos vocabulários científicos para ser uma língua de ciência tem também trabalhar os léxicos científicos», afirmou Ana Paula Laborinho.
A responsável disse ainda que outro aspeto que vai ser tratado na Conferência é o da inovação. «Uma língua cada vez mais se afirma quando é uma língua de inovação e, nomeadamente, está no mundo digital. Sabemos muito por efeito do Brasil, mas hoje em dia o português já é a quinta língua na internet, é a terceira língua no facebook e no twitter, portanto, também já está a crescer como língua de inovação».
A Conferência que decorrerá no final de outubro, resulta de um consórcio de três universidades portuguesas e será dividia em três segmentos.
- um científico e aberto ao público onde serão apresentadas setenta comunicações académicas;
- um segmento técnico-politico, em que será elaborado o Plano de Ação de Lisboa e onde constarão recomendações sobre o futuro da língua portuguesa;
- e um terceiro segmento, em que será realizada uma Conferência Extraordinária de Ministros dos Negócios Estrangeiros, onde se espera que o Plano de Acão de Lisboa seja endossado.
A par da conferência, decorrerá em Lisboa um plano cultural com várias atividades previstas e Ana Paula Laborinho disse mesmo que, durante os dias da Conferencia, «a cidade de Lisboa está empenhada em ser uma cidade CPLP»
Fonte: TV Ciência
Na foto: Murade Murargy, Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Ana Paula Laborinho, Presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua Portuguesa, Ivo Castro, Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e o Embaixador Rui Lopes Aleixo.