Macau, China, 06 abr (Lusa) – A Universidade de Macau organiza na sexta-feira e no sábado uma conferência internacional sobre ensino e aprendizagem de português como língua estrangeira durante a qual será criada a Associação de Estudos de Língua Portuguesa da Ásia (AELPA).
A associação é criada à imagem de outras associações de professores, investigadores e académicos de estudos portugueses espalhados pelo mundo, como por exemplo a American Portuguese Studies Association (APSA) na América, indica o programa da conferência.
A AELPA terá a sua primeira sede na Universidade de Macau durante dois anos e os seus estatutos e primeiro comité executivo serão aprovados durante a conferência, que arranca na sexta-feira.
“Esta é a primeira conferência dirigida para as pessoas que ensinam português na China e na Ásia”, disse hoje à agência Lusa a presidente da comissão organizadora, Inocência Mata.
“O que se pretende é direcionar para os colegas chineses que ensinam português e fazer com que a Universidade de Macau seja uma plataforma de diálogo entre colegas”, acrescentou a professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e docente de literaturas e culturas em português da Universidade de Macau.
A conferência vai contar com 52 comunicações e participantes oriundos do interior da China, Japão, Coreia do Sul e Índia. Também participam professores das várias instituições de ensino em Macau e de outras de Portugal.
“Na verdade, estamos muito empenhados em que a Universidade de Macau possa ser uma referência do ensino de português na Ásia. Esta universidade tem 35 anos e o seu curso de verão [de português] vai ser o 30.º este ano, o que já demonstra a persistência (…), mas gostaríamos que ela pudesse ser o lugar de encontro das pessoas que trabalham no ensino da língua portuguesa”, observou.
Na conferência vão ser abordadas, entre outros assuntos, “as literaturas de língua portuguesa, as metodologias e propostas curriculares, nomeadamente as que melhor respondem ao perfil dos falantes de língua chinesa, que não pode ser a mesma proposta curricular aplicada a um falante de francês, espanhol ou alemão”.
“Há uma grande diferença no imaginário histórico-cultural dos países de europeus e de língua portuguesa em África e no Brasil” em comparação com “o acervo do estudante chinês” que estuda português, afirmou Inocência Mata, sublinhando que essa particularidade deve ser atendida no ensino da língua na Ásia.
Outro objetivo, segundo a presidente da comissão organizadora da conferência, é que o ensino da língua portuguesa seja visto “além da sua dimensão utilitária e que tenha uma dimensão humanística”, porque “aprender as diferentes culturas dos outros povos também é importante para a economia”.
“Não podemos perder de vista a dimensão cultural das relações económicas”, concluiu.