Como é que a gente fala?

A professora de língua portuguesa Carolina Lobrigato participou da formação “Museu dá a letra: objetos digitais de aprendizagem” realizada pelo LAB_Língua Portuguesa, frente de difusão do CRMLP, e compartilha neste artigo a sua experiência de aplicação em sala de aula do Objeto Digital de Aprendizagem “Nossa Língua do Brasil”, desenvolvido na formação. A atividade simples repercutiu entre os alunos e gerou desdobramentos importantes na comunidade. Neste artigo ela compartilha experiência. 

O Centro de Referência do Museu da Língua Portuguesa (CRMLP), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME-SP), ofereceu a um grupo de professores da rede, uma formação sobre variação linguística. Como uma das professoras participantes do Grupo de Trabalho, recebi a missão de apoiar o desenvolvimento do material Objeto Digital de Aprendizagem (ODA) “Nossa Língua do Brasil” e de elaborar uma sequência didática para aplicação deste material em sala de aula. A proposta seria que o acervo e a experiência audiovisual do Museu da Língua Portuguesa pudessem contribuir com o ensino e a reflexão dos usos da língua, conforme indicam as Orientações Didáticas do Currículo da Cidade. Assim, o MLP invadiu a sala de aula das quatro turmas de nonos anos do ensino fundamental da EMEF ALTINO ARANTES! 

A temática da formação interessou-me imensamente, pois, em minha prática pedagógica, sempre associei variação linguística à identidade, ao pertencimento, à autoestima, a autoaceitação dos estudantes, por isso, abordá-la em sala de aula é aproximar-se dos educandos e conhecê-los; valorizando a riqueza linguística que trazem, não desperdiçando esse material extremamente relevante. Trata-se de uma oportunidade de responder aos questionamentos necessários, mas que sempre vêm cheios de desmotivação “Ah … pra que eu tenho que aprender isso?”. É o momento de se esclarecer a importância da comunicação, de enfatizar que um dos objetivos das aulas de Língua Portuguesa é torná-lo capaz de se comunicar em diferentes situações de comunicação, de acordo com seu interlocutor – tanto oralmente como por escrito – desde uma conversa informal com o colega a um discurso de formatura, de uma mensagem de texto para o namorado ao envio de uma petição. É a ocasião de explicar-lhes que, para que desenvolvam todas as habilidades de comunicação, é na escola que terão acesso à norma-padrão, e também é da escola que devem partir as reflexões e a conscientização de que não se pode menosprezar nenhuma variação, pois, todos os falares devem ser respeitados. 

Ao apresentar a proposta para os meus alunos, a fim de sondar o que já sabiam sobre o assunto e qual seria o ponto de partida, percebi que eles associavam variação linguística ao regionalismo e às gírias. Então, vi que iniciando através das gírias, eu conseguiria um bom vínculo, pois, eles queriam e tinham condições de me ensinar muito. A partir dessas primeiras trocas, parti para o planejamento da sequência didática colaborativa, em que os estudantes teriam participação em todas as etapas e seriam corresponsáveis desde o planejamento, pesquisa, recolhimento de relatos à mão na massa. Para engajá-los ainda mais na proposta, a multimodalidade destacou-se no desenvolvimento do trabalho, com o uso de recursos de áudio, vídeos, textos, mapas e imagens. 

Na sequência, juntos analisamos o mapa-mundi ao fundo da sala para localizarmos os países falantes da Língua Portuguesa; coletivamente, os estudantes foram respondendo às intervenções e chegando a conclusões sobre semelhanças e diferenças de nossa língua falada em diferentes cidades, estados, países, continentes. Essa atividade proporcionou reflexões sobre ancestralidade até atingirmos a discussão sobre identidade coletiva e individual. Ler o artigo completo


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