Colocar a bandeira da CPLP na Ásia

Foto de David Stanley (Flickr)

Díli, 23 fev (Lusa) – Governos e setor privado da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) devem fazer “esforços conjuntos” para capitalizar as oportunidades que a dinâmica região da Ásia oferece, defendeu hoje o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros timorense.

“A Ásia oferece muitas oportunidades, mas estas oportunidades têm também desafios. E para colocar a bandeira da CPLP na Ásia é preciso adotar um esforço conjunto e unido com o setor privado”, disse Roberto Sarmento Soares.

“É preciso uma ação coerente e coordenada, com uma visão do Governo e do setor privado, porque só assim se podem extrair os benefícios do dinamismo regional e global”, sublinhou.

Roberto Soares falava em Díli numa conferência no âmbito da segunda reunião dos ministros do Comércio da CPLP, que antecede o 1.º Fórum Económico Global lusófono que reunirá na capital timorense centenas de empresários e delegados de mais de 20 países.

O vice-ministro afirmou que a Ásia está a tornar-se um novo “centro global” da economia mundial, com grandes oportunidades mas também desafios.

Entre os desafios mais prementes está a distribuição desigual de riqueza, uma população envelhecida, conflitos étnicos e religiosos que afetam o desenvolvimento e o crescente problema da poluição ambiental.

“A Ásia tem um ‘know-how’ tecnológico capaz de responder aos maiores desafios. Mas sem esforço concertado e liderança para fazer avançar o continente, não conseguirá responder aos complexos desafios que permanecem”, disse.

Para Roberto Soares, os Governos têm estado a esforçar-se para melhorar as condições para os empresários atuarem, mas cabe agora ao setor privado “continuar os esforços do Governo”, procurando tornar-se “mais produtivo e inovador”.

A conferência de hoje ouviu várias apresentações sobre oportunidades de investimento em Timor-Leste, com destaque para projetos como a Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) de Oecusse e Ataúro, ou a cooperação trilateral Timor-Leste-Austrália-Indonésia.

Mari Alkatiri, responsável da ZEESM, destacou os estudos preliminares que apontam importantes retornos no investimento na região de Oecusse.

“Uma infraestrutura ecológica única, que permite o desenvolvimento de atividades de nicho, como o turismo sustentável [ou] agricultura orgânica”, disse, considerando que agora é importante avançar com estudos mais pormenorizados que permitam detalhar a viabilidade de todas as opções, no âmbito do programa de ordenamento do território já aprovado.

“Estudos essenciais para o que pretendemos alcançar, em termos de governação para Ataúro e Oecusse. Políticas baseadas em factos concretos que nos permitam escolher o melhor caminho para dinamizar e gerar oportunidades de investimento com retorno económico”, disse.

Alkatiri recordou que, numa primeira fase, e pela primeira vez desde 2014, o Estado timorense está a combater o isolamento em que as regiões de Oecusse e Ataúro viveram, praticamente sem qualquer investimento público.

Em termos gerais, Mari Alkatiri disse que em Timor-Leste a maior aposta deve ser nas áreas da agroindústria, turismo e setor financeiro, que “devem ser desenvolvidos de forma integrada”.

João Gonçalves, coordenador da Unidade de Cooperação Triangular, destacou as possibilidades de investimento nesta região e os esforços para dar a conhecer essas potencialidades a investidores.

O objetivo, explicou, é lançar uma zona de crescimento e desenvolvimento económico entre Timor-Leste, a província indonésia de Sonda Oriental (NTT) e o Território Norte da Austrália, aproveitando as condições privilegiadas de Timor-Leste para acesso aos principais mercados mundiais, criando um “centro industrial e logístico para as matérias-primas e produtos semielaborados das geografias adjacentes”.

“O setor privado é o principal protagonista desta iniciativa, a sua participação é determinante para o seu sucesso”, disse.

ASP // MP – Lusa/Fim
Foto de mathiasschult (Flickr)
Foto de mathiasschult (Flickr)
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