Cineasta portuguesa Sofia Leite e moçambicana Deusa d’África no Festival Literário de Macau

Macau, China, 15 fev (Lusa) – A cineasta portuguesa Sofia Leite e a autora moçambicana Deusa d’África fazem parte da lista alargada de nomes que vão estar em Macau em março para o festival literário Rota das Letras, anunciou hoje a organização.

O festival, cuja 6.ª edição acontece de 04 a 19 de março e vai contar com a participação de autores lusófonos, chineses e anglófonos, revelou hoje novas participações, não só ligadas à literatura como também à música.

“Esta edição do festival afirma o seu cariz internacional, que temos vindo a construir ao longo dos últimos anos. É a maior e a que mais nacionalidades tem representadas, sem perder, no entanto, o seu cunho de encontro entre a língua portuguesa e a chinesa. Muitos e bons autores destes dois mundos voltarão a encontrar-se em Macau”, disse à Lusa diretor de programação do Rota das Letras.

Segundo Hélder Beja, “tal como a própria cidade, um festival que nela habite só faz sentido sendo plural e diverso, nos idiomas e literaturas que utiliza e promove, nos públicos que alcança e nas pessoas que convida”.

“Espero que esta seja, não só a maior, mas também a melhor e mais marcante edição da Rota das Letras”, rematou.

O Rota das Letras já tinha avançado grande parte do seu programa deste ano que inclui os portugueses Sérgio Godinho, Pedro Mexia, Bruno Vieira do Amaral, Henrique Raposo, José Rodrigues dos Santos, João Nuno Azambuja, António MR Martins, João Morgado e Raquel Ochoa.

Hoje, a organização adiantou que a jornalista e cineasta portuguesa Sofia Leite vai apresentar o documentário “Cesária Évora – Nha Sentimento” (2010), sobre a cantora cabo-verdiana, trazendo também a Macau o filme “A Lista de Chorin”, sobre o diplomata português Sampaio Garrido e o encarregado de negócios Teixeira Branquinho que, na Hungria, durante a II Guerra Mundial, conseguiram salvar cerca de mil judeus perseguidos pelo regime nazi.

De Moçambique vem a autora Deusa d’África (Dércia Sara Feliciano), romancista, poeta e “ativista cultural”, nascida em 1988, “influenciada pela geração de escritores da província de Gaza, fundadores da revista Xitende nos anos 1990”, descreve o festival.

Deusa d’África, atualmente coordenadora da Associação Cultural Xitende, é autora do livro de poesia “A Voz das Minhas Entranhas” e do livro de contos “O Limpopo das Nossas Vidas”, distinguidos no Concurso Literário Internacional ALPAS 21, no Brasil, em 2011 e 2012.

De Portugal chega também o espetáculo audiovisual de poesia “Das Palavras”, do coletivo teatral português d’As Entranhas, fundado por Vera Paz e Ricardo Moura, em 1999.

O espetáculo, que estreou em 2007 após um convite do músico e compositor Rodrigo Leão, usa a poesia de Al Berto como mote e inclui textos de Sophia de Mello Breyner, Eugénio de Andrade, Alexandre O’Neill e Adília Lopes.

O Rota das Letras anuncia ainda a participação da diretora artística Garry Hynes, fundadora da companhia de teatro Druid, em Galway, Irlanda, e vencedora de um Tony Award. Da Irlanda participa também Claire Keegan, autora de “Antarctica” (1998).

Há também mais convidados da China: o diretor da revista Harvest, Cheng Yongxin (conhecido pelo pseudónimo Li Cheng) e o poeta e crítico literário Tang Xiaodu, editor da The Writers Publishing House e diretor da revista literária The Contemporary International Poetry.

O festival integra ainda no seu programa a peça “The Three Ladies of Macao”, do Departamento de Inglês da Universidade de Macau, concebida no Canadá e escrita em Macau, inspirada na ideia de alegoria de “The Three Ladies of London”, de Robert Wilson.

“Em Macau, onde as igrejas prosperam ao lado dos bordéis e a luxúria supera a moralidade, e onde o poder em expansão de Lucre aterroriza e manipula os seus pares, os seus seguidores e os seus concidadãos, ainda se pode ver a bondade inerente e simples da cidade”, explicam os autores da peça, que reúne um elenco internacional de 13.

No campo das artes performativas o festival conta com a presença do português António-Pedro, que viveu na cidade entre 1994 e 1997, e traz “My Macau”, uma “cine-performance entre o passado e o presente”, descreve o autor, citado pelo Rota das Letras.

O advogado e fotógrafo português João Miguel Barros, a residir em Macau, vai ainda apresentar uma exposição intitulada “Between Gaze and Hallucination”.

Além dos os portugueses Sérgio Godinho, Pedro Mexia, Bruno Vieira do Amaral, Henrique Raposo, José Rodrigues dos Santos, João Nuno Azambuja, António MR Martins, João Morgado e Raquel Ochoa, são também convidados Abraão Vicente (Cabo Verde), Abdulai Silá (Guiné-Bissau), Djaimilia Pereira de Almeida (Angola), Jessica Faleiro (Goa), e os chineses Yu Hua, Ouyang Jianghe, Wang Jiaxin, Zhang Yueran, Qin Wenjun, Liu Waitong e Dorothy Tse.

Da Indonésia, mas de etnia chinesa, vem Xu Xi e de Taiwan Lo Yin-Chin, Chen Li e Wang Cong-Wei.

Do mundo anglófono participam Madeleine Thien e Graeme Macrae Burnet, dois finalistas de 2016 do prémio Man Booker, entre outros.

ISG (FV/DM) // FPA – Lusa/fim

 

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