De acordo com a agência de notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Ruth Nussenzweig junta-se a outros três pesquisadores brasileiros que são membros efetivos da NAS (sigla em inglês): o seu filho Michel Nussenzweig, da Universidade Rockfeller, José Nelson Onuchic, da Universidade Rice, e José Scheinkman, da Universidade Princeton.
Na categoria de associado estrangeiro, o Brasil possui outros nove cientistas na instituição norte-americana.
Professora no departamento de Parasitologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova Iorque, a cientista brasileira, de 85 anos, trabalha com o seu marido, o também investigador Victor Nussenzweig.
Reconhecida mundialmente por suas pesquisas pioneiras em malária – doença transmitida pelos mosquitos anopheles infetados com os parasitas plasmodium -, Ruth Nussenzweig começou por desenvolver um modelo experimental para estudo da imunidade contra o parasita.
“Foi a primeira a mostrar imunidade contra o esporozoíto do plasmodium, um dos estágios de desenvolvimento do parasita”, disse Momtchilo Russo, professor no departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
Num trabalho publicado na década de 1960, Ruth imunizou ratos com esporozoíto irradiado, incapaz de se multiplicar, e em seguida infetou os mesmos animais com esporozoíto normal, retirado da glândula salivar do mosquito, mostrando que os animais não desenvolviam a malária.
Foi a primeira grande contribuição da cientista na pesquisa de vacinas contra a malária.
Em seguida, isolou o antigénio responsável por proteger os animais da doença e, a partir daí, passou a trabalhar em vacinas e tratamentos.
“O modelo experimental robusto que desenvolveu serviu como base para o desenvolvimento da vacina contra a malária que está mais avançada atualmente, e que já foi testada em humanos, usando o antigénio CSP (circumsporozoite protein), isolado por ela”, afirmou Ricardo Gazzinelli, professor na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Pelo seu pioneirismo, a cientista brasileira tem grande influência em diversas áreas da biologia experimental, incluindo imunologia, biologia parasitária e desenvolvimento de vacinas.
Agora, o casal Nussenzweig prepara-se para voltar a pesquisar no Brasil, após décadas radicados no exterior, num projeto apoiado pelo São Paulo Excellence Chairs (SPEC), programa-piloto da FAPESP que procura estabelecer colaborações entre instituições do Estado de São Paulo e investigadores de alto nível radicados no exterior.
CSR // MLL – Lusa/fim
Foto: Laboratórios do Instituto de Higiene e Medicina Tropical. 22/08/2005. Foto António Cotrim/Lusa