Lisboa, 11 jun (Lusa) – A cidade fronteiriça de Olivença, objeto de litígio entre Portugal e Espanha, está interessada em aderir à União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), posição assumida pelo autarca local na comemoração, inédita, do Dia de Portugal naquela localidade.
O secretário-geral da UCCLA, Vítor Ramalho, que participou na iniciativa esta sexta-feira naquela cidade, adiantou hoje à Lusa que a entrada da cidade na organização é uma possibilidade que “faz todo o sentido”.
“Olivença é uma cidade bicultural. A presença portuguesa é muito forte e Espanha preserva esta presença na monumentalidade de várias edificações históricas”, referiu o responsável da UCCLA, salientando ainda que cerca de 500 habitantes de Olivença são binacionais (com nacionalidade portuguesa e espanhola).
Segundo Ramalho, os estatutos da UCCLA “permitem e encorajam” que cidades, independentemente de serem lusófonas ou não, façam parte da organização, “desde que tenham uma ligação cultural ligada aos países-membros” – como é o caso de Macau.
“É natural que apresentem a proposta [de adesão]. Foi nesse sentido que o presidente da Câmara de Olivença [o socialista Manuel Gonzaléz Andrade] me falou”, disse Vítor Ramalho, que considera que a eventual entrada de Olivença para a organização “é muito útil para o aprofundamento das relações”.
“A proximidade das relações com as cidades propicia um aprofundamento das relações culturais que, se for ao nível dos Estados, é mais complicado”, sustentou.
Além disso, o responsável da UCCLA defende que “os portugueses conheçam [esta cidade], não numa lógica nacionalista e serôdia, que não faz sentido nenhum, mas numa lógica de aprofundamento de relações com o nosso único vizinho continental, que é Espanha”.
Vítor Ramalho elogiou a iniciativa do alcaide de Olivença de promover, pela primeira vez, a comemoração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em que participou, a par do antigo deputado do CDS-PP José Ribeiro e Castro, que há muitos anos segue a história desta cidade fronteiriça.
Foram convidados autarcas da região do Guadiana e de Belmonte, cidade geminada com Olivença, e participaram representantes da associação Conexão Lusófona, decorrendo ainda mostras e cantares alentejanos. Na sessão solene interveio também uma responsável do Governo da Extremadura espanhola.