O otimismo do linguista que, em 1997, fundou o Ciberdúvidas com o jornalista João Carreira Bom, já falecido, é justificado por ser “o único [sítio] na lusofonia” com uma consulta diária de cerca de 70 perguntas e 20 novas respostas, já que algumas perguntas feitas são recorrentes.
José Mário Costa mostra-se todavia “apreensivo” quanto ao futuro pela insegurança de apoios, nomeadamente do Governo que, através do Ministério da Educação, “apenas nomeia dois professores”.
Por outro lado, o Ciberdúvidas lançou este ano a “Ciberescola”, um “projeto com o qual o Governo anterior se comprometeu e [ao qual] o atual, alegando falta de verbas, não deu qualquer apoio, apesar do investimento feito”, disse José Mário Costa.
As preocupações financeiras do fundador adensaram-se com a saída de um dos patrocinadores e pela “precariedade de alguns protocolos estabelecidos”, nomeadamente com meios de comunicação social.
Ana Martins, uma das professoras que trabalha desde 2006 no Ciberdúvidas, disse à Lusa que “o balanço é positivo dado o volume de trabalho” e realçou “o grau de especificidade das perguntas atualmente colocadas”.
“Há cada vez mais perguntas mais difíceis de responder e que requerem uma maior especificidade”, afirmou Ana Martins.
Para a docente, “a comunidade está mais alerta para o fenómeno linguístico e as pessoas têm maior consciência em falar correto, sendo até mais defensoras de uma tendência normativa, isto é, não aceitam tanto que possa haver mais que uma opção para uma expressão ou palavra”.
Questionada pela Lusa quanto à reação das pessoas ao Acordo Ortográfico, Ana Martins afirmou não notar “qualquer tom de crítica ou revolta, mas antes de se querem informar”.
Ana Martins salientou o trabalho que está ser feito através da “Ciberescola”, que disponibiliza cerca de mil exercícios práticos para alunos do 5.º ao 12.º ano, mas que é de acesso universal, isto é, qualquer cidadão pode aceder.
Esta plataforma tem também uma vertente de Português para estrangeiros, nos seis níveis estipulados internacionalmente.
José Mário Costa adiantou à Lusa que está em projeto uma plataforma “especialmente vocacionada para os cidadãos dos Estados Unidos e do Canadá, com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento”.
O sítio do Ciberdúvidas na Internet disponibiliza cerca de 30 mil respostas e perto de 40 mil textos.
Ana Martins afirmou que a consulta do site “é grande, havendo meses em que o número de consulentes brasileiros ultrapassa o de portugueses”. Resto da Europa e Ásia são as regiões seguintes, sendo a consulta africana “muito residual”.
Este facto foi justificado pela docente e pelo linguista pelas dificuldades de acesso aos meios de comunicação naquele continente.
José Mário Costa gostaria de desenvolver um “projeto específico para as realidades africanas” que só está na gaveta “dada a falta de apoio financeiro”.
FONTE: RTP