Cerca de 3.000 peregrinos esperados para a Páscoa no santuário angolano da Muxima

Luanda, 13 abr (Lusa) – Cerca de 3.000 peregrinos são esperados até sexta-feira na Muxima, o maior santuário mariano da África subsaariana, a 130 quilómetros de Luanda, por altura da semana santa, com destaque para a via-sacra.

A vila foi ocupada pelos portugueses em 1589, que dez anos depois construíram uma fortaleza e a igreja de Nossa Senhora da Conceição, também conhecida como “Mamã Muxima”, que na língua nacional quimbundu significa “coração”.

O atual templo tem apenas capacidade para 600 pessoas sentadas, insuficiente, por exemplo, para a anual peregrinação de setembro que leva àquela vila, junto ao rio Kwanza, mais de um milhão de fiéis, mas promete igualmente ser pequeno para as celebrações da Páscoa, neste caso sobretudo voltado para a população local.

“É uma referência espiritual para o povo cristão. Não pode passar um ano sem virem cá”, explicou à Lusa o padre Albino Reyes, de 47 anos e proveniente de uma congregação de missionários mexicana, reitor daquele santuário desde 2010.

Com destaque para a habitual via-sacra de sexta-feira, o padre estima que passem pela Muxima, por estes dias, cerca de 3.000 pessoas, peregrinos, que além da oração procuram a habitual bênção, em grupo, no final de cada eucaristia.

“Custa-lhes muito sair do santuário sem receber a bênção. Quando um peregrino não recebe a bênção, sente que a visita não é completa”, conta o pároco da Muxima, depois de ter rezado a primeira missa do dia na igreja, às 06:30, para algumas dezenas de fiéis.

Natural do México, o padre Albino Reyes está há 19 anos em Angola e que confessa que o país, mas sobretudo a Muxima, já fazem parte da sua vida: “Quase toda a minha vida como sacerdote foi em Angola, o meu coração está cá”.

Hoje sem espaços e serviços de apoio, na Muxima sonha-se com a concretização das prometidas obras de requalificação daquela vila angolana, que vão permitir transformar aquele santuário no primeiro com o estatuto nacional em Angola, por decisão da Igreja Católica.

O Executivo angolano decidiu, em outubro de 2014, reestruturar o projeto do novo santuário, da autoria do arquiteto português Júlio Quaresma, prevendo a implantação do novo santuário numa área de 18.352 metros quadrados, tendo a nova catedral capacidade para acomodar 4.600 devotos sentados, além de contemplar a construção da vila Nossa Senhora da Muxima.

No mês seguinte, o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, criou uma comissão interministerial para acompanhar e executar o projeto de requalificação daquela vila, mas as obras ainda foram para o terreno, face às dificuldades orçamentais provocadas pela crise com a quebra das receitas petrolíferas.

Além das peregrinações semanais e da grande promessa anual que leva milhares de fiéis a acompanhar nos arredores do santuário, onde chegam a pé, de carro ou por barco através do rio Kwanza, também mais de 5.000 cartas com pedidos de peregrinos chegam todas as semanas à igreja da “Mamã Muxima”.

Estas representam pedidos de apoio na doença, no trabalho ou para a família, que substituíram os apelos à paz, com o fim da guerra civil em Angola, em 2002.

PVJ // PJA – Lusa/Fim

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