Recebi ontem (17/07/2021) o meu primeiro exemplar da Carta do Achamento do Brasil de Pêro Vaz de Caminha a D. Manuel I, que a editora Guerra e Paz publicou em versão moderna. O editor pediu-me um prefácio e o livrinho está por aí a circular e, a julgar pelas reações, parece não faltar quem esteja a ler pela primeira vez esse precioso, bem moderno documento, capaz de incomodar um bocado as teorias do politicamente correto sobre os portugueses nos descobrimentos. A carta lia-se sem grandes dificuldades na versão original, mas em português moderno a facilidade de leitura é bem maior.
É um texto curto (33 páginas); a minha introdução é que quase lhe chega em tamanho (28 pp).
Chamo-lhe “a carta de deslumbramento com o Brasil” e atrevo-me a afirmações deste teor:
“A carta de Caminha é algo inteiramente novo e, repita-se, um documento único na história da humanidade. Estou consciente de que me restrinjo à “humanidade europeia” (e especificamente ocidental), mas na minha vasta ignorância não tenho notícia de nada que se lhe assemelhe. Nem Marco Polo revela tal candura perante o inesperado, o maravilhoso descoberto, mesmo se planeado (e a isso já iremos mais adiante).
A narrativa de Pêro Vaz de Caminha – confesso que prefiro não entrar em pormenores sobre ela para que o leitor a descubra virgem, e a aprecie por si próprio pois ela dispensa glosas – basta lê-la atentamente para nos darmos conta da abertura de horizontes dos recém-chegados a um universo novo, inteiramente inesperado. Vemo-los fascinados perante a natureza e a beleza de um povo que os deslumbra. Tudo surge descrito numa linguagem gostosa, ditada por um olhar eivado de quase ingénua inocência.”
Em resposta a uma simpática recensão do Carlos Fiolhais no seu blogue De Rerum Natura, enviei-lhe uma interpretação da famosa carta bem mais interessante que a minha. É de um dos mais divertidos programas televisivos em língua portuguesa, o brasileiro “Porta dos Fundos”. Do calibre do Ricardo Araújo Pereira.
O Carlos Fiolhais gostou e postou-o no seu blogue.
Vai aqui. Divirtam-se:
Onésimo Teotónio Almeida
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