O único trabalho que o faz com carácter de seriedade é de 2003, de Rui Manuel Loureiro”, afirma. O resto, diz, “são balelas, inverdades, de pessoas preguiçosas, que não sabem fazer investigação”.
Também a ausência de notoriedade do poeta no período anterior à publicação de “Os Lusíadas” são vistas como razão para que seja difícil encontrar fontes que comprovem que o jardim e a gruta de Camões, na zona do Patane, são mais que um nome. “Há documentos. O que não é um documento autêntico de uma chancelaria régia, da coroa, a falar de Camões. Quando aqui esteve no Oriente, Camões era um zé-ninguém, um entre milhares”, argumenta.
“Só uma pessoa com a minha pachorra, com o tempo que tive e gosto, é que se dedica a isto com este calor e com esta sanha de descobrir. E descobri”, salienta Ribeiro, salientando dificuldades.
Os “indícios” que fundamentam a certeza do autor estão nos escritos do cronista Diogo de Couto, contemporâneo de Camões, documentos da Companhia de Jesus em Macau, referenciados por Monsenhor Manuel Teixeira, cancioneiros da época e a biografia do poeta, de Pedro de Mariz, comentada por Manuel Corrêa.
Diogo do Couto, cronista autor de parte das “Décadas” iniciadas por João de Barros para uma historiografia da presença portuguesa na Índia, “foi grande amigo de Camões, que conheceu pessoalmente”. “Diz tudo o que respeita a Camões e a Macau. Inclusivamente, o nome do capitão-mor com quem Camões veio para Macau [Pero Barreto Rolim]. Permite-nos localizar exactamente a data em que veio: 1562”, defende Ribeiro.
O investigador usa também como fonte um documento da Companhia de Jesus – de 1604, segundo monsenhor Manuel Teixeira – que designa o chão do campo do Patane, hoje conhecido por Jardim de Camões, como “os penedos de Camões”. “Já estava consagrado que Camões tinha vivido ali, que se tinha acoitado ali com a sua moça China”, a tal que terá morrido no naufrágio em que, reza o mito, Camões logrou apenas salvar apenas o manuscrito de “Os Lusíadas”.
Há ainda um cancioneiro de Cristóvão Borges, conselheiro régio, assinado em Dezembro de 1578. “Tem lá umas redondilhas de Camões, que em epígrafe tem ‘De Luís de Camões, a sua perdição na China’. Em 1578, 18 anos depois de China para os portugueses já ser só Macau – entreposto único e exclusivo de Portugal desde 1560 -, escreve ‘a sua perdição na China’. Toda a gente sabia em 1578 que China era só Macau”, desenvolve o investigador.
A esta documentação, Eduardo Ribeiro junta ainda a primeira biografia de Camões, de 1613, de Pedro de Mariz e com comentários de Manuel Corrêa. Ambos “dizem que ele esteve como provedor dos defuntos na China”. Ler o artigo completo.
Foto: LUSA – Macau, gruta de Camões, 23/01/2004 (Manuel Moura /Lusa)
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