Redação, 09 jul (Lusa) – O Cais do Valongo, local histórico no Rio de Janeiro ligado à escravatura, está a partir de hoje na lista do Património Mundial, uma decisão da UNESCO com o qual o Governo de Brasília se congratulou.
“A UNESCO, ao reconhecer o valor universal excecional do Cais do Valongo, considerou que os vestígios arqueológicos ali encontrados constituem a evidência material mais relevante associada à chegada de africanos escravizados ao continente americano”, diz o Governo brasileiro em comunicado, acrescentando que o Cais “é um local de memória, que remete a um dos mais graves crimes perpetrados contra a humanidade”, a escravatura.
Por ser porto de desembarque dos africanos em solo americano, o Cais do Valongo representa a escravatura e evoca “memórias dolorosas”. Com a decisão a UNESCO “recomenda que o Brasil adote ações específicas para a gestão dos vestígios arqueológicos, para a execução de projetos paisagísticos e para que os visitantes possam ter uma visão holística sobre o Cais do Valongo e o que ele representa”, diz-se também no comunicado.
O local arqueológico foi hoje inscrito pelo Comité do Património Mundial da Unesco, reunido desde o passado dia 02 em Cracóvia, na Polónia, como lugar de interesse para humanidade.
Os vestígios, situados no centro do Rio de Janeiro, constituem “a prova física mais importante da chegada forçada dos escravos de África ao continente americano”, assinala o comité na argumentação.
Os vestígios arqueológicos ocupam o lugar da antiga zona portuária do Rio de Janeiro onde existia um molhe de pedra onde acostavam os navios para desembarcar os negros escravos para a América do Sul.
Estima-se que 900.000 escravos africanos desembarcaram em Valongo.
O Comité do Património Mundial inscreveu também hoje na lista os vestígios arqueológicos de Afrodisias (cidade turca) e as pedreiras de mármore a nordeste da cidade, a região dos Lagos Ingleses, uma região montanhosa a noroeste de Inglaterra com vales formados na era glaciar, e outros sítios culturais da Dinamarca, França, Alemanha, Irão, Polónia, Federação Russa e um que abrange a Croácia, a Itália e o Montenegro.
O Comité aprovou também a extensão de outros dois sítios culturais já inscritos, o centro histórico de Estrasburgo e locais de três cidades ligados ao movimento Bauhaus (design e arquitetura) na Alemanha.
No sábado a UNESCO já tinha declarado o centro histórico da cidade de Mbanza Congo, norte de Angola, como património mundial, além de locais na Eritreia e na África do Sul, no Camboja, na China e na Índia.
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