Segundo Mário Lúcio, a posposta para o fórum, fruto da primeira edição do Atlantic Music Expo – Cabo Verde (AME-CV), partiu da constatação de que existem “grandes organizações” de música no mundo, como a European Music Forum (EMF), que conseguem financiamentos avultados da União Europeia (UE) e de outros parceiros para promover os vários festivais do mundo e a indústria da música.
O principal objetivo do FMA, sublinhou, é ter uma organização transnacional continental que “vá à procura de fundos e de parcerias”, bem como “pressionar” os governos a facilitarem os vistos e a circulação dos artistas, para que a cultura, nomeadamente aa música, seja tratada como uma política governamental em África.
Cabo Verde, segundo o ministro, tem a vantagem de receber a sede do FMA e pretende ainda vir a ter um membro no conselho de administração, além de a conta bancária vir a ser sediada no país, o que trará, também, uma “grande notoriedade”.
“A partir de hoje, quando alguém quiser negociar com África na matéria de música tem de passar pelo FMA (Africa Music Forum, em inglês)”, destacou.
Mário Lúcio comprometeu-se a, em conjunto com as autoridades cabo-verdianas, sensibilizar os chefes de Estado africanos para apoiarem a iniciativa, cujos membros vão pagar uma quota e desenvolver a indústria musical no continente.
O ministro da Cultura cabo-verdiano salientou ainda ter sido esse o propósito do encontro que manteve hoje com o comissário para a Cultura, Educação e Ciência da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), pois pretende-se que a organização oeste-africana seja um dos parceiros do FMA, sustentando financeiramente a instituição até que ela ganhe corpo.
“Temos a consciência de que estamos a dar passos gigantes, mas acredito muito na nova geração que, às vezes, nem sempre temos em conta, porque está à nossa frente, vieram atrás de nós, mas estão muito à nossa frente”, admitiu.
Para dar maior visibilidade ao fórum, Mário Lúcio defendeu uma administração com uma “boa liderança”, já pensando no sul-africano Sipho Sithole, um dos membros da instituição e que fez todo o “marketing” do Campeonato do Mundo de Futebol disputado em 2010 na África do Sul.
Mário Lúcio, salientando que a iniciativa já conta com dezenas de países africanos, adiantou que o objetivo é ir muito mais longe.
“Vamos fazer uma parceria com o European Music Forum e, depois, a ideia é criar o Global Music Forum”, concluiu.
A instalação da sede do FMA na Cidade da Praia surgiu no último dia da segunda edição do Atlantic Music Expo – Cabo Verde (AME-CV), que decorre desde terça-feira na capital cabo-verdiana, juntando mãos de 200 produtores e responsáveis de editoras musicais da “World Music” de mais de duas dezenas de países.
Paralelamente, começa hoje à noite a 6.ª Edição do Kriol Jazz Festival, que junta mais de duas dezenas de bandas nacionais e estrangeiras e vai homenagear o histórico trompetista cabo-verdiano Morgadinho, de 86 anos.
JSD // JMR – Lusa/Fim
Fotos:
– Músicos caboverdianos com instrumentos de sopro tradicionais, feitos de búzios e chifres, em Santiago, Cabo Verde. 30 de novembro de 1985 Acácio Franco / Lusa
– Antonio Cabral, mais conhecido por “Ntoni Denti D’oru” de 73 anos, tocando batuque, género musical típico de Santiago. FOTO FRANCISCA LEAL/LUSA