Brasil será sede do banco BRICS para América Latina

Joanesburgo, 24 jul (Lusa) – O governo brasileiro será sede regional do novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, após a 10.ª Cimeira de Joanesburgo, onde espera aprofundar o diálogo entre o bloco em temas centrais da agenda internacional, disse hoje à Agência Lusa o embaixador do Brasil na África do Sul.

“Será o momento para o BRICS renovar o seu compromisso com o fortalecimento do multilateralismo e com a busca pela reforma das instituições de governação global”, frisou o embaixador Nedilson Jorge.

Em entrevista à Lusa, o diplomata refere que o Brasil usará o encontro de alto nível para “viabilizar” o aprofundamento da sua cooperação setorial no seio do bloco das principais economias emergentes do mundo.

“Nesse contexto, o Brasil confere grande ênfase às iniciativas de cooperação, no âmbito do BRICS, em áreas como saúde, ciência, tecnologia e inovação, energia e infraestruturas”, afirma Nedilson Jorge.

“Adicionalmente, a Cimeira de Joanesburgo será mais uma ocasião de aproximação com o continente africano e com outros países em desenvolvimento, por meio dos diálogos de ‘outreach’ e BRICS Plus”, explica.

Na opinião do diplomata brasileiro, o encontro com outros países em desenvolvimento “sempre confere novo impulso ao agrupamento”, ao permitir a troca de impressões e experiências em diversos temas “nos quais enfrentamos desafios em comum”.

“Esse é o caso no desenvolvimento inclusivo no contexto da 4ª Revolução Industrial, tema muito profícuo, escolhido pela presidência sul-africana do BRICS, o qual deverá orientar nosso diálogo”, sublinha.

Sobre os temas em discussão, o embaixador do Brasil na África do Sul avançou à Lusa que a 10ª Cimeira BRICS, que começa amanhã, quarta-feira 25 julho, em Joanesburgo, irá produzir resultados importantes com acordos em temas como aviação regional, além do estabelecimento de um centro de pesquisa em vacinas e de uma representação do Banco BRICS, em São Paulo.

“Assinaremos o acordo sede para a instalação no Brasil do escritório para as Américas do Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco do BRICS. E avançaremos na área de ciência e tecnologia com a criação de uma rede de parques tecnológicos, para inserirmo-nos de forma competitiva na Quarta Revolução Industrial”, explicou à Lusa, Nedilson Jorge.

“Especificamente quanto à iniciativa brasileira do Memorando de Entendimento para a Parceria em Aviação Regional do BRICS, eu gostaria de ressaltar o seu impacto positivo no fortalecimento da nossa relação no setor de transportes ao promover a troca de experiências e de informações quanto a marcos regulatórios”, frisou.

Para o Brasil, outro importante resultado desta Cimeira BRICS será a assinatura do Acordo de Sede do Escritório Regional para as Américas do Banco do BRICS, que será localizado no Brasil, na cidade de São Paulo, revelou à Lusa o diplomata brasileiro.

“Como se sabe, o banco já inaugurou o seu primeiro escritório regional, para a África, e acredito que a inauguração do escritório em São Paulo terá papel fundamental para aproximar o Banco e o setor privado nacional”, adiantou.

Nesse sentido, recordou que o Brasil já foi contemplado com empréstimos no valor de 621 milhões de dólares para o financiamento de escoamento da produção agrícola, energia eólica, redução de emissões e infraestrutura urbana.

O diplomata considerou depois que a atual presidência rotativa sul-africana do BRICS fez um “excelente trabalho em construir consensos” e em fazer refletir, nos trabalhos do grupo, os pontos de vista de todos os membros, uma contribuição que, segundo Nedilson Jorge, “deve servir de exemplo para trabalhos futuros”.

“O Brasil também congratula a África do Sul pela bem-sucedida organização da Cimeira de Joanesburgo e pela escolha do tema. Esse assunto, que norteou as nossas discussões durante todo o ano, vai diretamente ao encontro do objetivo do BRICS de buscar o desenvolvimento socioeconómico, sustentável e inclusivo dos nossos países e de contribuir ativamente para o avanço do mundo em desenvolvimento”, referiu à Lusa.

Nedilson Jorge é Embaixador do Brasil na África do Sul desde 2016. Em trinta anos de carreira diplomática, serviu nas embaixadas do Brasil em Roma, Santiago e Buenos Aires, além de ter sido diretor do Departamento da África do Itamaraty durante seis anos (2010-2016).

Os presidentes Michel Temer (Brasil), Vladimir Putin (Rússia), o primeiro-ministro da Ìndia, Narenda Modi, e o Presidente Xi Jinping (China), participam na reunião anual de alto nível organizada pela África dp Sul, que contará também com os chefes de Estado de Angola e Moçambique.

A cimeira terá como tema a “BRICS em África:Colaboração para o Crescimento Inclusivo e Prosperidade Partilhada na 4.ª Revolução Industrial”, e é a primeira reunião de líderes mundiais desde que o Presidente Cyril Ramaphosa assumiu a liderança do país do seu antecessor Jacob Zuma.

CYH//PJA – Lusa/Fim
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