Biblioteca Roterdão, um projeto para os mais novos não esquecerem a língua portuguesa

Roterdão, 01 abr (Lusa) – Três amigas portuguesas criaram em Roterdão, na Holanda, uma biblioteca de livros para a infância e juventude que surgiu de uma necessidade: ler histórias aos filhos para que não se esqueçam da língua portuguesa.

A Biblioteca Roterdão foi criada em dezembro pelas artistas plásticas Constança Saraiva e Patrícia Pinheiro de Sousa e pela designer Andreia Costa, três portuguesas que se conheceram em Roterdão, para onde emigraram ao longo da última década.

“Viemos por razões profissionais e também por amor, tivemos filhos, que são bilingues, e como portuguesas queríamos que continuassem a falar também em português. Roterdão tem uma biblioteca central muito boa, mas não tem quase nada em língua portuguesa, por isso avançámos com este projeto”, contou Constança Saraiva à agência Lusa, a partir da cidade holandesa.

A biblioteca, que é ainda pequena, funciona temporariamente no ateliê de Andreia Costa, no centro de Roterdão e contempla mais de 200 livros infantojuvenis em língua portuguesa, fruto de doações de editoras e de cidadãos.

O trabalho é feito com a boa vontade e o voluntariado das três portuguesas, a pensar não só na comunidade de portugueses e descendentes de portugueses em Roterdão, mas também noutras comunidades que têm em comum a língua, como a brasileira e cabo-verdiana.

“Aqui existe muito a cultura da requisição de livros em bibliotecas e os miúdos precisam sempre de histórias novas, por isso estamos abertos a doações de editoras ou de quem nos quiser enviar livros infantis em língua portuguesa”, afirmou Constança Saraiva.

Além do empréstimo de livros, a biblioteca tem organizado, com alguma regularidade, sessões de leitura de livros, envolvendo a comunidade lusófona, mas a ideia é no futuro encontrar um espaço definitivo e alargar o programa de atividades.

“Estamos ainda a ver como as pessoas estão a aderir. Ter um espaço implica ter tempo, andamos a fazer pesquisas sobre bibliotecas, a falar com bibliotecários. Este é um espaço da comunidade e queremos que seja uma plataforma para fazer outras coisas. Queremos trazer autores, ilustradores, publicar o nosso próprio livro”, adiantou a artista plástica.

A Biblioteca Roterdão já contou com apoios do Instituto Camões e do Arte Institute e recebeu doações das editoras Máquina de Voar, Porto Editora, Tcharan, Pato Lógico e Planeta Tangerina.

Em pouco mais de três meses, Constança Saraiva disse estar satisfeita com a adesão e com o interesse que a Biblioteca Roterdão tem suscitado, por exemplo, de escolas portuguesas na Holanda.

“Já fizemos sessões de leitura em Roterdão, Haia e Amesterdão”, disse.

No domingo, assinala-se o Dia Internacional do Livro Infantil, em honra do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, uma das referências da literatura para a infância e juventude.

SS // MAG – Lusa/fim
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