Bater na mesma tecla


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Por vezes é possível compreender o significado de uma expressão mediante o sentido literal das palavras que a compõem como nos seguintes exemplos:

Bater na mesma tecla descreve a repetição de um movimento sem resultados práticos. A imagem está associada com as teclas de uma máquina de escrever e daí o uso do verbo bater bastante mais comum quando se fala de escrever à máquina do que quando se usa um processador de texto num computador. Bater na mesma tecla pressupõe insistir num único assunto ou repetir o mesmo tópico até à exaustão. Geralmente, pedimos ao nosso interlocutor que pare de bater na mesma tecla, ou melhor dizendo pedimos-lhe que pare de insistir ou de repetir a mesma ideia como nos seguintes exemplos:

— Já disseste isso milhares de vezes. Para de bater na mesma tecla.

 — Não vale a pena continuar a bater na mesma tecla. Eu já disse que não, e não vou mudar de ideias. 

— Para de bater na mesma tecla!!!! Já te disse que não quero falar mais sobre o assunto. Não insistas!

 Não bater mais no ceguinho também está associado à repetição de algo, geralmente de uma acusação ou reprimenda. Quando alguém critica uma pessoa mas esta já admitiu que errou ou reconheceu a sua culpa, uma forma dessa pessoa pedir que não se volte a falar no assunto é pedir que não se bata mais no ceguinho.

Não devemos nunca prejudicar quem tem dificuldades em se defender ou problemas maiores que os nossos e desse significado literal extrapolou-se a ideia de pedir que não se volte a mencionar um determinado assunto sobretudo em circunstâncias em que o erro já foi reconhecido ou admitido. Eis alguns exemplos de uso:

— Va lá,  não batas mais no ceguinho… Eu já pedi desculpa.

— OK, tens razão. Admito que errei. Não precisas de voltar a falar sobre o assunto. Não batas mais no ceguinho, por favor.

— Por favor não voltes a ligar para me falar mal do teu marido. Ele está a fazer  um esforço para salvar o vosso casamento e eu acho que deves parar de bater no ceguinho.

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 No tempo dos gramofones e mais tarde dos gira-discos era necessário virar os discos de vinil para se continuar a ouvir a música. Virava-se o disco mas o artista ou género musical continuava a ser o mesmo. A expressão vira o disco e toca o mesmo passou a descrever uma mudança que não conduz a nenhuma alteração significativa.

— Estou farta de te ouvir contar a mesma história… Vira o disco mas, por favor, não toques o mesmo…

— O treinador foi despedido mas a equipa continuou a perder todos os jogos.
— Virou-se o disco mas a música é a mesma

— É a política do vira o disco e toca o mesmo.
— O que é que queres dizer???
— Mudam os partidos mas as políticas são exatamente as mesmas!!!!

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