“banda profundamente lusófona” atuou em Pequim

Pequim, 09 mai (Lusa) – Nascidos durante uma viagem ao sudeste asiático, os SENZA, que se definem como “uma banda profundamente lusófona”, atuaram no domingo em Pequim para quase 200 chineses que estão a frequentar a licenciatura em língua portuguesa.

Tudo começou em Saigão, no Vietname, quando o guitarrista, Nuno Caldeira, entrou numa loja de instrumentos musicais “para fugir ao calor da rua”, mas não resistiu a sair de lá com uma guitarra.

“A parti daí, até nos sentarmos numa praia e começarmos a fazer música foi um instante”, recorda à agência Lusa o guitarrista natural de Aveiro.

A praia onde se deu aquele “clique criativo” fica no sul do Camboja, mas a sonoridade do grupo transporta para outros oceanos: “O estilo de música que tocamos é fusão lusófona”, define Nuno Caldeira.

“As influências de Portugal, Brasil e Cabo Verde são evidentes, mas adotamos também ritmos e instrumentos africanos comuns a Angola, Moçambique, São Tomé [e Príncipe] e Guiné Bissau”, conta.

O próprio nome do grupo é homónimo de um instrumento tradicional de Moçambique.

Além de Nuno Caldeira, a banda é composta pela vocalista Catarina Duarte. Em Pequim, esteve também o percussionista Tiago Soares.

O primeiro álbum “Praia da Independência”, editado no final de fevereiro deste ano com o selo “Disco Antena 1”, foi apresentado no encerramento do II Festival da Lusofonia, em Goa, na Índia.

No domingo, animaram o Festival da Canção em Língua Portuguesa de Pequim e Tianjin, cuja V edição atraiu cerca de 200 estudantes à Universidade de Estudos Estrangeiros da capital chinesa (Beiwai).

Além dos SENZA, quinze estudantes exibiram os seus talentos perante uma assistência em que se encontravam alguns professores e o embaixador de Portugal na China, Jorge Torres-Pereira, num anfiteatro decorado com as bandeiras dos Estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Um estudante de Hebei, a província vizinha de Pequim, chamado “Jorge”, interpretou a Grândola Vila Morena, de José Afonso, e “Florbela”, da Universidade Normal de Pequim, concorreu com o tema Barco Negro de Mariza, numa lista dominada por músicas de assinatura brasileira.

Ainda assim, foi com o êxito de Rui Veloso “Não Há Estrelas no Céu”, que o aluno do 1.º ano de português da Beiwai “Tomás” ficou em primeiro lugar.

“Estudar português é uma garantia de emprego no futuro”, diz o vencedor.

Mais de 1.500 estudantes chineses estão a frequentar licenciaturas em português em 26 universidades da China continental.

No final da década de 1990, não contando com Macau, apenas duas universidades chinesas tinham licenciaturas em português.

“É surpreendente”, comenta a propósito Nuno Caldeira. “É interessante ver que tanta gente fala e fala muito bem”, diz.

Nuno Caldeira apercebeu-se da popularidade do português na China logo no início da viagem que inspirou o disco dos SENZA.

“Logo ao segundo dia, ao pedir informações, apareceu um chinês que nos respondeu em português”, recorda.

A cena passou-se em Xangai, a “capital” económica da China, situada na foz do rio Yangtze.

JOYP // VM – Lusa/Fim

 

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