Lisboa, 20 fev (Lusa) – Mais de vinte escritores e ilustradores vão estar, a partir de segunda-feira, em contacto com alunos de escolas da região de Lisboa, no arranque no segundo Encontro de Literatura Infanto-Juvenil da Lusofonia.
Organizado pela fundação O Século, este encontro internacional reparte-se por duas vertentes: uma de sessões de leitura de escritores, com estudantes de escolas de Cascais, Oeiras, Amadora, Lisboa, Sintra e Odivelas, e outra de debates, em São Pedro do Estoril, sobre temáticas relacionadas com o livro para crianças e jovens.
“Um escritor, um autor, só o é se tiver o hábito de ir às escolas e confrontar a sua obra com os meninos. O batismo é confrontar o que se escreve com os seus leitores”, afirmou à agência Lusa o coordenador do encontro, José Fanha.
Entre os participantes contam-se a premiada escritora Marina Colasanti e o autor Clóvis Levi, ambos do Brasil, a autora Olinda Beja, de São Tomé e Príncipe, e Maria Celestina Fernandes, de Angola.
A eles juntam-se autores portugueses como Margarida Fonseca Santos, Luísa Ducla Soares, José António Gomes, António Mota, Mário de Carvalho, Afonso Cruz, André da Loba e Rachel Caiano.
Os três primeiros dias do Encontro de Literatura Infanto-Juvenil da Lusofonia – entre os dias 22 e 24 – serão dedicados a essa promoção do livro e da leitura nas escolas. Nos restantes dias, de 25 a 27, a discussão passa para o auditório da fundação O Século.
As seis mesas de debates programadas contarão ainda com estudiosos em promoção da leitura e literatura para criança e jovens, como Ana Bela Mendes (Faculdade de Belas Artes), Dora Batalim (Universidade Católica) e Leonor Riscado (ESE Coimbra).
A circulação do livro no espaço lusófono, a relação entre imagem e texto, aprender o gosto pela leitura e o trabalho das bibliotecas escolares estarão em discussão naquele encontro.
Da programação, José Fanha destaca a apresentação de um projeto para o qual tenciona chamar a atenção nos próximos tempos: chama-se “Criar criadores” e tem por objetivo apoiar o aparecimento de novos escritores e ilustradores e países africanos de língua portuguesa, e dar-lhes condições para circularem no espaço lusófono, em encontros com escolas.
“São países onde não há um mercado para publicarem. A ideia é dar formação a jovens escritores e ilustradores, para que participem numa plataforma de circulação. Isto vai levar dez, vinte anos, mas é preciso chamar a atenção dos políticos para isso”, afirmou José Fanha.
O Encontro de Literatura Infanto-Juvenil da Lusofonia contará ainda com uma feira do livro, lançamentos literários e noites de narração oral, com Benita Prieto, Cristina Taquelim e Jorge Serafim.
Esta é apenas a segunda edição de uma iniciativa em torno do livro infantil e juvenil, mas José Fanha quer mais visibilidade para o encontro, por ser do universo da lusofonia.
“Temos uma língua com 800 anos e quase 300 milhões de falantes em todo o mundo. Há uma riqueza extraordinária da língua, sendo ela uma só”, recordou, para alertar que essa diversidade não se traduz, depois, no mercado livreiro português.
“É preciso uma atitude política e cultural e este encontro pretende contribuir para isso, para que as pessoas se apaixonem e queiram mostrar os seus autores nos outros países”, sublinhou.
SS // MAG – Lusa/fim
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