Atlas da Ciência

Em entrevista à Lusa, a investigadora Fernanda Rollo referiu que o Atlas da Ciência em Portugal dará a conhecer “todo o percurso” científico português, desde finais do século XIX e princípios do século XX, nomeadamente a definição das instituições que tinham a missão de desenhar a política de organização científica no país, os momentos cronológicos e a relação espacial que tem a ver com o desenvolvimento da ciência em Portugal.

A obra, que decorre do interesse de uma equipa de investigadores portugueses em estudar a história da ciência em Portugal, com o pressuposto de conhecer o próprio objeto da ciência em si, absorveu muito a experiência espanhola e de outros países n que diz respeito ao “enunciado da política científica”.

Fernanda Rollo indicou também que os investigadores do Instituto de História Contemporânea se debruçaram sobre as instituições que “tinham a responsabilidade de organização da ciência” dentro das universidades.

A investigadora assinalou ainda que outra das dimensões do estudo tem a ver com a criação da Junta de Educação Nacional, formalmente instituída em 1929 e que depois é mais ou menos “engolida” com o Estado Novo e fica como Instituto de Alta Cultura, que mais tarde vem ser Instituto Camões.

Outro dos aspetos sobre o qual se concentram é a diplomacia científica, os contactos e relações entre as organizações científicas de Portugal e dos países que fazem hoje parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, no caso dos africanos, desde que eram colónias ultramarinas.

“Porque isso é muito extenso, estamos muito preocupados ao nível de poder central: as relações ao nível dos estados em termos de política central. É isso que nós queremos estudar. As relações internacionais, ou as relações internas destes países, ou de Portugal com o exterior”, acrescentou a investigadora.

O princípio do ciclo do debate lançado no princípio deste ano sobre a redução de verbas para investigação pela Fundação de Ciência e da Tecnologia (FCT) também está refletida no atlas, garantiu Fernanda Rollo.

“Tínhamos dados até 2010/11 e estamos a ver se conseguimos prolongá-los até 2013. Mas o impacto dessas políticas recentes nós vamos ter que sentir, infelizmente, daqui para frente. Aliás, já estamos a sentir este ano”, afirmou.

O Instituto de História Contemporânea de Portugal tem a responsabilidade científica de organização do arquivo de ciência e tecnologia da FCT, pelo que a equipa de investigadores tem a relação com todos os investigadores, além do acesso aos processos individuais dos que vieram a Portugal, ou que foram de Portugal para o exterior financiados com fundos públicos.

“Portanto, com este conjunto todo, achámos que era muito interessante fazer um Atlas de Ciência em Portugal. E estamos nesta fase a concluir este Atlas, a fazer revisão de textos internamente para depois passar para a publicação”, disse.

MMT // APN – Lusa/Fim


Foto: O Museu de Ciência da Universidade de Lisboa permite uma viagem por três séculos de história da ciência, numa oportunidade única na Europa que tem potencial para crescer, Lisboa, 17 de setembro de 2011. MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

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