Coimbra, 20 mai 2022 (Lusa) – A Universidade de Coimbra lançou hoje uma nova plataforma do Arquivo Audiovisual Max Stahl, jornalista que morreu em outubro de 2021 e cuja cobertura do conflito em Timor-Leste foi determinante na independência daquele país.
A nova plataforma (disponível em www.uc.pt/collections/max-stahl) agrega cerca de 100 vídeos de Max Stahl, que já eram públicos, mas que neste ‘site’ sofreram um tratamento de restauro, para melhoria da qualidade dos vídeos para alta definição, enriquecimento dos conteúdos, revisão de metadados e interligação de vídeos, com a identificação de personalidades retratadas, locais, datas ou categorias, explicou hoje a instituição.
O jornalista de origem britânica foi fundamental na difusão do conflito armado em Timor-Leste, nomeadamente a cobertura do massacre no cemitério de Santa Cruz, provocado pelas tropas indonésias.
A Universidade de Coimbra, que é a fiel depositária do Arquivo Max Stahl, apresentou hoje a nova plataforma, um trabalho que mostra “uma pequena parte” do arquivo, mas que valoriza e explora as potencialidades dos vídeos recolhidos pelo jornalista, afirmou o vice-reitor com a pasta da Cultura, Delfim Leão, durante a conferência de apresentação da iniciativa.
O trabalho, feito em parceria com o Centro Audiovisual Max Stahl, em Timor-Leste, permite ampliar o legado do jornalista, cujo trabalho se inscreve na independência daquele país, realçou.
“O que Max Stahl mais temia era que o arquivo caísse em esquecimento. Não podemos deixar que isso aconteça”, salientou, por seu turno, a diretora do Arquivo da Universidade de Coimbra, Cristina Freitas.
O coordenador do projeto de criação da plataforma, Jorge Gamito, explicou que a melhoria da qualidade dos vídeos foi feita com recurso a inteligência artificial e ‘machine learning’, mas realçou que a disponibilização em ‘streaming’ foi pensada para diferentes larguras de banda, nomeadamente a pensar em Timor-Leste, onde a velocidade da internet é mais lenta.
A plataforma, de momento, está apenas em inglês, mas poderá depois ser disponibilizada noutras línguas, estando já 144 personalidades identificadas nos cerca de 100 vídeos apresentados na coleção, referiu.
“Isto é muito mais do que publicar conteúdos ‘online’. Foi honrar o que foi feito – lutar contra a invasão indonésia, conquistar a independência e falar ao mundo” dessa luta, salientou Jorge Gamito, da UC Framework, departamento tecnológico da empresa da Universidade de Coimbra UC Next.
Também presente na conferência de imprensa, o reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, destacou “o valor histórico importante” do arquivo de Max Stahl, referindo que a instituição que lidera tem um “compromisso com a história de Timor e também de todos os outros países de língua portuguesa”.
“Há uma obrigação moral, académica, científica, social de preservar” este espólio, frisou.