A Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) e a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) apresentaram os primeiros resultados do projeto “‘Educação Digital’ nas zonas rurais e periféricas – desafios e oportunidades”, no seminário híbrido realizado a 19 de dezembro.
Durante a jornada, foram mostrados os resultados do trabalho até agora realizado e promovida um debate em torno dos desafios da educação digital e das conclusões preliminares da equipa de investigação, que contribua para a definição das principais linhas de orientação para a segunda fase do projeto. Para esta apresentação de resultados foram convidados:
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- Lamine Soncó – Docente, Universidade Jean Piaget de Bissau – Guiné-Bissau
- Luís Muengua – Docente, Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique; Doutorando, Universidade do Porto – FPCEUP/CIIE, Portugal
- Elizabeth Macedo – Docente e Investigadora, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil
- Limber Elbio Santos Casaña – Docente e Investigador, Universidad de la República. Uruguai.
Ana Paula Laborinho, Diretora do Escritório da OEI, participou no evento através de uma mensagem em formato vídeo, destacando que com este projeto se pretende aprofundar o conhecimento sobre o tema da digitalização de e na educação e também sobre como “cooperar mais entre regiões e encontrar caminhos que possam ser verdadeiramente inclusivos”.
Este estudo piloto visa dar a conhecer experiências locais e identificar constrangimentos vivenciados a nível de escolas e da educação, em realidades periféricas, no contexto de países da OEI na América Latina e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, em resultado da pandemia, do encerramento generalizado e prolongado de escolas e da passagem para modalidades de ensino a distância e em linha, utilizando tecnologias digitais.
Foram considerados 11 países, cinco países africanos de língua oficial portuguesa (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe) e cinco países da América Latina (Colômbia, Costa Rica, Honduras, México e Uruguai) e ainda o Brasil, com incidência em dois estados (Manaus e Rio de Janeiro), considerando que tem o português como língua oficial e estar situado no contexto da América Latina.
Foram promovidas conversas exploratórias com professores e diferentes interlocutores, tais como responsáveis educativos a níveis municipal e nacional, professores universitários, investigadores e outros quadros com responsabilidades no campo da educação. No total, foram realizadas 38 entrevistas, envolvendo 57 pessoas, num total e 80 horas de gravação em 8 meses de trabalho.
O projeto traz ao processo em curso na OEI vozes muito particulares e experiências diferenciadas, que certamente enriquecerão o processo, trazendo a especificidade do seu contexto.
A primeira fase do trabalho teve como principais objetivos o mapeamento das iniciativas e experiências a contactar, a recolha de dados e a revisão da literatura sobre o tema.
A temática da Digitalização na Educação, nomeadamente ao nível da educação não superior, ganhou prioridade e urgência durante a pandemia, quando ferramentas mais ou menos inovadoras foram utilizadas como forma de ultrapassar o encerramento de escolas durante os confinamentos.
A esta ação de emergência, deve seguir-se um aprofundamento de desafios e oportunidades, a análise sistémica das implicações da transformação digital que vivenciamos no setor da Educação, e o mapeamento das opções possíveis tendo sempre presente a inclusão e uma abordagem de Direitos humanos.