Aperta o cerco contra o uso das palavras estrangeiras

Com isso, todos os órgãos, instituições,  empresas e fundações públicas devem priorizar o português na redação dos documentos oficiais e materiais de propaganda e publicidade. A proposta, de autoria do deputado Raul Carrion (PCdoB), prevê como única exceção os casos em que não existe na Língua Portuguesa palavra ou expressão equivalente. Nessas situações, o significado da palavra estrangeira deve ser escrito logo após a sua utilização no texto.
Mas a norma começa a valer apenas depois de passar pela apreciação de Tarso Genro, que tem 30 dias para sancionar ou vetar o tema. O governador vai consultar especialistas para tomar a decisão e não está descartada a realização de uma audiência pública, conforme informou sua assessoria. Caso seja sancionada, a lei precisará ainda ser regulamentada.
Segundo Carrion, o projeto é baseado na necessidade de evitar modismos na publicidade e em outras áreas. Para ele, o estrangeirismo não enriquece a Língua Portuguesa e ainda representa uma ameaça cultural. “Qualquer nação usa a língua como instrumento de colonização”, disse o deputado em entrevista à Rádio Gazeta AM. Carrion avalia, ainda, que a utilização de expressões em inglês dificulta a comunicação, e utiliza como exemplo os termos light e diet, que por vezes têm seus significados confundidos. “Por que dizer off em vez de desconto? Printar em vez de imprimir? Isso não enriquece a Língua Portuguesa e pode nos levar a uma subserviência cultural”, observa.
Já o professor e coordenador do curso de Letras da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Elenor Schneider, não enxerga a interferência do inglês no português de forma exagerada. Ele atribui à evolução tecnológica a eliminação das fronteiras, o que facilitou o contato com todas as partes do mundo e possibilitou uma universalidade cultural. “Esse processo não tem volta, é irreversível”, acredita. Schneider lembra a história de formação da Língua Portuguesa, que começou a partir do latim vulgar que vigorava nas colônias romanas. Para ele, o processo de formação de uma língua inevitavelmente esbarra nas influências de outras, e no Brasil não foi diferente. “Quando o Português chegou o Brasil, essa não era a língua dominante. Por dois ou três séculos, predominou a língua indígena”, explica.

 

 

ROSEANE BIANCA

FONTE: Gazeta do Sul

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