Angola mantém em aberto ‘sim’ ao novo AO da língua portuguesa

As últimas informações sobre o processo, divulgadas pela Coordenadora Nacional do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), Ana Paula Henriques, referem que Angola pretende a “correção de bases identificadas como carentes de informação suficiente técnica e científica”, de forma a fazer uma “gestão da língua sem constrangimentos”.

Estas conclusões resultaram de um encontro de esclarecimento realizado em abril, em Luanda, pelo IILP, durante o qual foi divulgado que o Governo angolano pretende ainda que todos os países tenham a possibilidade de manter um vocabulário ortográfico nacional, mantendo em aberto uma decisão sobre a ratificação do acordo.

Em Portugal, a moratória sobre a aplicação do novo acordo ortográfico (de 1990) termina a 13 de maio, data a partir da qual a sua utilização passa a ser obrigatória.

Ainda em setembro passado, questionado pela Lusa, o ministro da Educação angolano, Pinda Simão, garantia que o país “está a trabalhar” sobre o novo acordo ortográfico da língua portuguesa e que no “devido momento” será tomada uma decisão.

“Depende de Angola, de quando Angola decidir [sobre a adesão ou não ao acordo]”, afirmou Pinda Simão, que coordena este processo no país.

“É um assunto do Estado e no devido momento Angola vai dar as informações que lhe cabem”, disse ainda o ministro, sem adiantar mais pormenores, desconhecendo-se qualquer desenvolvimento neste processo desde então.

O português é a língua oficial em Angola, mas o país conta com seis principais línguas nacionais, muitas das quais acabaram por incorporar alguns conceitos e palavras, face à longa presença colonial portuguesa.

Num recente congresso sobre a língua portuguesa, realizado em Luanda, a ministra da Cultura de Angola, Rosa Cruz e Silva, afirmou que as línguas nacionais angolanas “com que convive” há quinhentos anos deram ao português a “pujança atual”.

“A língua portuguesa em Angola fez uma trajetória de afirmação do património partilhado, na medida em que desde esses primórdios até ao período mais crítico da sua história os angolanos transformaram-na na principal arma da sua luta contra o sistema opressor. E, por essa via, tornaram-na mais adequada aos contextos culturais do país. Se quisermos, tornaram-na [a língua portuguesa] mais bela”, reconheceu a ministra.

Apesar disso, Rosa Cruz e Silva afirma que devem ser colocadas “ao mesmo nível” as línguas nacionais e a língua oficial, tendo em conta que a “diversidade linguista do país constitui a sua grande riqueza”.

O Acordo Ortográfico foi ratificado pela maioria dos países lusófonos, à exceção de Angola e Moçambique. Portugal e Brasil estabeleceram moratórias para a aplicação do acordo, estando prevista a entrada em vigor efetiva a 13 de maio e a 01 de janeiro próximos, respetivamente.

PVJ // VM – Lusa/Fim

Foto: LUSA

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