“É a primeira vez que um PALOP (País Africano de Língua Oficial Portuguesa) financia um grande instrumento da língua portuguesa, central como é o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOC), para a finalização do acordo ortográfico”, disse à Lusa o brasileiro, Gilvan Müller de Oliveira, do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, responsável pelos trabalhos, acrescentando que a verba é de 35 mil euros.
“O Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa ao mesmo tempo que incorpora o vocabulário dos oito países – seguindo a mesma metodologia e os mesmos critérios de aplicação das bases do acordo – mantém a possibilidade de individualizar os vocabulários de cada país mas não apaga a variante do léxico nacional”, explicou Gilvan Müller, sublinhando que Portugal, Brasil e Moçambique são os três países que aprovaram os respetivos VOC.
Para o responsável pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa, os trabalho que foram desenvolvidos nos últimos três anos vão ser apresentados em Portugal no mês de outubro na II Conferência da Língua Portuguesa no Sistema Mundial e que deve, previsivelmente, produzir “o plano de ação de Lisboa” para a promoção e projeção da língua.
“O plano de Lisboa será homólogo ao plano de Brasília, em que estamos trabalhando, e que estará em vigor em 2014 após a sua aprovação pelos chefes de Estado e de Governo da CPLP na Cimeira de Díli, Timor-Leste, em julho do próximo ano”, referiu.
“Pretendemos lançar a primeira plataforma do VOC em outubro mas a nossa perspetiva é integrar também um quarto país que já está avançado no processo de elaboração do VOC que é Cabo Verde” adiantou Müller, estando a integração do Vocabulário Ortográfico Comum de Cabo Verde prevista para julho de 2014, na Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) de Díli.
O Instituto Internacional da Língua Portuguesa foi encarregado pelo plano de ação de Brasília para a elaboração do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa, tratando-se de um resultado direto da primeira conferência internacional sobre o futuro do Português.
“O plano foi aprovado numa reunião técnica internacional, pelos pontos focais da CPLP e foi parcialmente financiado, num primeiro momento, pelos recursos de apoio às iniciativas culturais dos PALOP através do programa dos fundos ACP (África, Caraíbas e Pacífico)”, disse ainda Müller de Oliveira, referindo que a primeira ação do Instituto Internacional da Língua Portuguesa foi feita através dos meios desta plataforma.
“Montámos uma equipa central, mobilizámos as equipas técnicas dos vários países, fizemos o primeiro curso técnico para a composição de vocabulários ortográficos nacionais. O Vocabulário Ortográfico Comum é constituído pelos vocabulários nacionais de cada país – uma inovação muito grande na metodologia de vocabulário e temos neste momento três vocabulários nacionais concluídos – Moçambique, Portugal e Brasil”, disse.
O responsável acrescentou que “o financiamento deste trabalho está a ser concretizado com recursos angolanos”.
PSP // VM – Lusa/Fim
FOTO: Sessão de abertura da VIII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, Luanda, Angola, 23 de julho de 2010 . MIGUEL A. LOPES/LUSA