Díli, 15 jun (Lusa) – A Team Lorosae, formada por seis alunos da Escola Portuguesa em Díli, foi uma das 29, de entre 151 escolas de 37 países, a receber um “alto louvor” na edição deste ano do concurso científico Beamline.
A equipa, formada pelos portugueses Carolina Viegas e Tomás Inácio e pelos timorenses Amélia Luís, Elizabeth Cruz, Maria Cláudia Rodrigues e Maria José Sarmento, apresentou ao concurso do Centro Europeu de Física de Partículas (CERN) uma proposta para o uso de um feixe para fins terapêuticos.
Paula Silveiro, professora de físico-química dos alunos do 11º ano da Escola Portuguesa Ruy Cinatti explicou à Lusa que “o mérito científico” é dos alunos que, apesar das carências de Timor-Leste – onde faltam laboratórios e espaços para fomentar o ensino científico – ficaram entre os melhores do mundo.
“Para estes miúdos que têm muita falta de estímulos nesta área em Timor-Leste, porque aqui há aqui pouca coisa nesta matéria, sem laboratórios e outros recursos, este é um grande feito”, disse.
“Mostra que o ensino na Escola Portuguesa está a dar os seus frutos e que o trabalho continuado vai dando os seus frutos”, explicou.
Recordando a importância do trabalho que o CERN desenvolve, inclusive com novas tecnologias para fins terapêuticos, recordou que o feito dos alunos da escola de Díli é ainda maior porque a física de partículas nem sequer faz parte do currículo.
A preparação do projeto, explicou, foi feita fora do horário curricular e os alunos participaram voluntariamente, desafiados a explorar esta área de investigação.
O objetivo do concurso era que as equipas imaginassem experiências com um conjunto de material disponibilizado pelo CERN, incluindo um feixe (beam) de protões.
Os alunos de Díli escolheram uma experiência para o tratamento de tumores cancerígenos através de radiação e, como estavam impedidos pelo CERN de usar material biológico. criaram a aplicação do feixe em água.
Quando se usa radiação no tratamento de células cancerígenas o objetivo é que a radiação tenha a sua deposição máxima quando penetra no corpo, exatamente onde está a célula visada.
Por isso “tentaram medir a que distância é que um determinado feixe com determinadas características poderia depositar a sua energia”, usando na experiência recipientes com várias profundidades de água.
Assim poderia ser possível determinar o “bragg peak” ou “deposição máxima”.
O concurso deste ano, a que se apresentaram mais de 1.500 alunos de todo o mundo, foi ganho por equipas da Polónia e Reino Unido, tendo sido destacadas as 29 ‘finalistas’, entre as quais a de Timor-Leste.