Torcer o nariz ao Cânone
A criação de um cânone literário comum da língua portuguesa, visando garantir que autores fundamentais das várias literaturas sejam ensinados nas escolas de todos os países lusófonos, é um projecto que ainda pouco se debate fora dos departamentos universitários, mas que promete ser tão polémico como o AO 90.
Admitindo que a questão do cânone “não poderá ser evitada”, Ana Paula Tavares acha que ela “não foi suficientemente discutida” nos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), onde o debate “continua cheio da problemática dos nacionalismos, do ser-se ou não africano, e ainda se não chegou bem aos critérios da literatura”. Daí que lhe pareça prematuro lançar nomes, embora, como veremos adiante, tenha acabado por referir alguns.
Já Pires Laranjeira, professor de Literaturas Africanas da Universidade de Coimbra, acha mesmo que “não faz muito sentido esse projecto de Aguiar e Silva”, e observa que “estas ideias surgem sempre de Portugal ou do Brasil, e nunca dos países africanos”. Contestando a oportunidade de se tentar estabelecer um cânone em países que não dispõem ainda de uma história da literatura, Pires Laranjeira acredita, não obstante, que “se juntarmos 30 professores de literaturas africanas, vemos que há um conjunto de nomes consensuais”. Ler o artigo completo (Público)