A partir de agora as universidades portuguesas poderão reforçar a sua posição no mundo, sendo que a Alemanha e a América Latina serão os dois primeiros mercados de intervenção da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) na internacionalização do ensino superior português.
Esta será a primeira ação decorrente do Protocolo hoje assinado entre a AICEP e as quinzes universidades portuguesas que integram o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP).
Na cerimónia de assinatura do protocolo, estiveram presente vários membros do Governo como Paulo Portas, Vice Primeiro-ministro, Rui Manchete, Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência, Poiares Maduro, Ministro-adjunto do Desenvolvimento Regional e vários Secretários de Estado e Reitores portugueses.
Sobre o protocolo agora assinado, Paulo Portas referiu que «deve haver uma estratégia internacional de afirmação da Universidade portuguesa e isso deve passar pela cooperação com a agência que está diretamente ligada e focada na internacionalização das nossas empresas».
«Primeiro, porque não é possível conceber a ideia de Universidade sem a sua relação com o meio e no meio, olhando para o mundo em que vivemos, as empresas. Segundo, porque a Investigação e Desenvolvimento se faz com as empresas em grande medida e para o serviço da economia», afirmou.
«Em terceiro lugar porque vivemos em relações internacionais que são mais económicas do que nunca e onde o fator da qualificação dos recursos humanos qualifica as capacidades económicas de cada Estado e a sua posição na balança de poderes», acrescentou Paulo Portas.
O protocolo agora assinado assenta em três eixos essenciais: posicionamento das universidades no exterior para captar alunos de licenciatura, mestrado e doutoramento, colocar as universidades portuguesas a par com as universidades estrangeiras na oferta de serviços que passam pela investigação científica e aproximar as universidades das empresas.
Pedro Reis, Presidente da AICEP explicou que «os grupos empresariais pelo mundo fora recorrem muito aos centros de saber das universidades para desenvolver inovação em processos, em produtos e em serviços. E as universidades portuguesas apesar de terem essa competência técnica sentem que ainda não têm a quota de mercado correspondente nesse mercado internacional».
O Presidente da AICEP acrescentou ainda que o primeiro ponto da estratégia definida no âmbito do protocolo materializa-se pela «AICEP organizar road-shows, tal como fazemos com outros sectores pelo mundo fora, específicos e sectoriais para as universidades».
Através destes road-shows «vamos levar as nossas universidades a apresentarem-se a stakeholdersinternacionais, sejam eles empresariais, do mundo académico e até Governos para que as universidades se possam promover e anunciar como centros de competência em programas de desenvolvimento nesses mesmos países», acrescentou Pedro Reis.
Após a assinatura do protocolo por quinze universidades portuguesas, António Rendas, Presidente do CRUP referiu que «Portugal parte para este desafio de uma aliança entre as empresas exportadoras e as universidades para a internacionalização do ensino superior com considerável atraso».
«Ao contrário do que se sucedeu com a ciência portuguesa que teve um reconhecimento internacional muito significativo na última década, o ensino superior português não esteve até hoje vocacionado para uma internacionalização global considerada no sentido de atracão dos estudantes estrangeiros para lá da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)», afirmou António Rendas.
Mas o Presidente do CRUP disse também que «as universidades portuguesas estão atualmente no meio de uma tempestade porque sentem que a sua autonomia é todos os dias posta em causa» e «o desafio da internacionalização do ensino superior português precisa de instituições saudáveis, precisa também da confiança da sociedade e, nesse sentido, esta parceria pode vir a ser um instrumento importante na demonstração da utilidade da autonomia universitária».
António Rendas concluiu dizendo que «esta missão (de internacionalização) é possível mas precisa de compromissos para além daquele que foi agora assinado. Na internacionalização, como a historia muito bem demonstra, não chega descobrir, há que consolidar e construir com bases sólidas. Portugal e as suas universidades não podem correr mais riscos de falsas partidas e falsos rumos»
Fonte: TV Ciência
Foto: 1.º Encontro de Presidentes dos Conselhos Gerais das Universidades Portuguesas, realizado na Reitoria da Universidade do Minho, em Braga, 08 de novembro de 2013. HUGO DELGADO / LUSA