“Hoje falamos da globalização, possibilitada pelas tecnologias da comunicação e da informação, que permite mais possibilidades de intercâmbio real, de relações culturais, de desenvolvimento científico e para a afirmação, por exemplo, de uma comunidade académica em língua portuguesa”, disse à Lusa Moisés Adão Lemos Martins, presidente desta conferência.
Este é um dos pontos que serão abordados na conferência internacional “Interfaces da Lusofonia”, que decorrerá na Universidade do Minho, no Campus Gualtar, em Braga, entre quinta-feira e sábado.
“(Temos que) articular esforços no sentido de fazer valer a comunidade académica lusófona num mundo cada vez mais homogeneizado e a falar uma única língua, que é o inglês”, afirmou ainda Lemos Martins, professor da Universidade do Minho.
Lemos Martins disse que se trata de uma comunidade académica lusófona voltada para as ciências sociais, sobretudo para as ciências da comunicação e da cultura.
“Trata-se de afirmarmos a força que somos, articulando as nossas comunidades e ajudando-nos mutuamente”, acrescentou o professor, também diretor do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho.
Apesar de fazer críticas à implementação do processo de Bolonha no espaço europeu, o professor acredita que a ideia em si é “grandiosa”.
“É uma ideia grandiosa no sentido de haver um espaço comum, sem os problemas das barreiras das regulamentações dos cursos, das equivalências dos diplomas e permitindo a circulação de alunos e professores”, indicou.
Lemos Martins disse ainda que o espaço lusófono está a procurar um caminho neste sentido, claro que com mais dificuldades, pois são oito países em vários continentes.
Na conferência haverá cerca de 40 convidados de distintas universidades para apresentarem comunicações, disse Moisés Lemos Martins, referindo ainda os outros cerca de 200 inscritos para o evento.
Para o diretor do CECS, este congresso vai ainda concluir um ciclo de cerca de dez anos de investigações na área da lusofonia.
Entre os palestrantes do evento estão Ana Carolina Escosteguy, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Brasil), Annabela Rita, da Universidade de Lisboa, Armando Jorge Lopes, da Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique), Cláudia Castelo, do Instituto de Investigação Científica Tropical, Feliciano Mira, da Universidade de Coimbra, e Silvino Lopes Évora, da Universidade de Cabo Verde.
Também haverá mesas redondas com escritores, nomeadamente Amélia Dalomba (Angola), Filimone Meigos (Moçambique), José Luandino Vieira (Angola), Lupito Feijó (Angola), Luís Costa (Timor-Leste), Miguel Miranda (Portugal), Olinda Beja (São Tomé e Príncipe).
Além disto, o evento contará com bloguistas de diversos Estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Há ainda, em paralelo, um programa cultural variado que se inicia já hoje, com a exibição do filme “Terra Estrangeira”, dos brasileiros Walter Salles e Daniela Thomas, na livraria Centésima Página, em Braga.
Moisés Lemos Lopes referiu ainda que, recentemente, a Universidade do Minho e a Universidade de Aveiro criaram um programa de doutoramento conjunto na área cultural e lançaram uma publicação online intitulada “Revista Lusófona de Estudos Culturais”, que pode ser consultada no endereço eletrónico http://estudosculturais.com/portal/
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