Lisboa, 21 fev (Lusa) – A coordenadora do China Logus do Instituto Superior de Economia e Gestão considerou hoje que o abrandamento do valor das trocas comerciais entre a China e os países lusófonos no ano passado deve-se a razões conjunturais.
“O abrandamento do volume de trocas deve-se ao menor ritmo de crescimento da China, ao ‘novo normal’ de expansões económicas à volta dos 6,5 ou 7%, às fontes alternativas de fornecimento de energia na Ásia Oriental e ao decréscimo muito grande do preço das matérias-primas”, disse Maria Fernanda Ilhéu.
Falando na conferência ‘MACAU – Uma Ponte na Relação Económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa’, a professora do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) salientou as grandes discrepâncias no relacionamento comercial entre a China e os países lusófonos, que é dominado pelo Brasil.
“A percentagem do Brasil, mas também de Angola, no total do relacionamento com a China, é muito grande, mas Portugal foi o único país que cresceu, embora tenha uma percentagem muito pequena do total deste comércio”, acrescentou.
O Brasil, disse, vale 74% das trocas comerciais da China com os países lusófonos, seguido de Angola, com uma quota de 17% do total, e no que diz respeito aos investimentos, a ordem mantém-se.
A China investiu no Brasil 58% do total das verbas investidas nos países que falam português, e 22% em Angola, concluiu a coordenadora de um programa do ISEG destinado ao estudo das relações lusófonas com Macau.
As trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa caíram pelo segundo ano consecutivo em 2016, totalizando 90,87 mil milhões de dólares (85,32 mil milhões de euros), menos 7,72% do que em 2015, de acordo com os últimos dados oficiais, publicados no princípio deste mês.
Trata-se do segundo ano consecutivo de queda, depois de o comércio sino-lusófono ter caído 25,73% em 2015 naquela que foi a primeira diminuição desde 2009.
Dados dos Serviços de Alfândega da China publicados no portal do Fórum Macau indicam que, entre janeiro e dezembro do ano passado, a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 61,28 mil milhões de dólares (57,54 mil milhões de euros) – menos 1,64% – e vendeu produtos no valor de 29,59 mil milhões de dólares (27,78 mil milhões de euros), menos 18,19% face a 2015.