A Páscoa é a festa identitária dos castelo-vidense

A Páscoa é a festa identitária e de excelência que enche de orgulho os castelo-videnses e as suas instituições. Com celebrações sagradas e rituais pagãos, respira-se o incenso da fraternidade, da tolerância e da esperança. As raízes mais do que religiosas são antropológicas, profundas e difusas. Reminiscência de outros tempos em que os rebanhos de borregos enchiam a vila, hoje, o Sábado de Aleluia ainda traz ao adro da Matriz alguns ovinos para receberem a bênção do pároco antes da imolação. À noite, após a vigília pascal, os fiéis saem do templo e juntam-se à multidão que festeja a Aleluia pelas ruas da vila num som inolvidável. São milhares de chocalhos que badalam noite dentro.

No Domingo de Páscoa a Procissão da Ressurreição encerra o momento mais solene da festa. A bandeira municipal congrega as forças vivas do concelho em seu redor e tem lugar a singular procissão dos estandartes das corporações, dos ofícios, das colectividades e demais organizações que nela desfraldam a história do património intangível que simbolizam..


A matança do cordeiro e a refeição da Páscoa 
 
A partir do pôr-do-sol de sexta-feira entra-se no Sabat, e sábado os judeus entram em período de reflexão e não fazem nada, tradição que todos os judeus crentes e praticantes respeitam.
Alguns fazem a matança no sábado após a tradicional bênção dos cordeiros que se realiza em frente à Igreja Matriz.
O povo hebraico só come dos animais as partes que são consideradas puras, isto é as partes mais nobres. Excluindo o sangue e as vísceras do animal da sua alimentação. Após a conversão forçada a que foram sujeitos e a criação da Inquisição, os denominados cristãos-novos deixaram de poder matar os animais por degola (corte realizado no pescoço), passaram a ter de aparar o sangue ao invez de o deitarem fora como faziam e passaram também a consumir obrigatoriamente as vísceras do animal. Essa mudança de atitude foi implementada para fugir ao controle apertado da Inquisição.
Porém os cristãos-novos inventaram novas maneiras de se protegerem da impureza dos animais, tais como a lavagem das tripas dos animais com cal branca e após o sangue coalhar traçavam nele uma cruz fervendo-o logo a seguir. Dai nasce o cachafrito que é confecionado em dois tachos que estão lado a lado; num ferve-se a carne para logo a seguir se fritar.
São ainda conhecidos os molhinhos com tomatada, mais uma vez as partes menos puras, as tripas do animal, desta vez atados em pequenos molhos com molho de tomate, mas estas tripas só são usadas depois de lavadas com cal. Neste dia só é servido o cordeiro, nenhuma outra carne é permitida. No Domingo de Páscoa come-se o Sarapatel que é feito a partir das partes do cordeiro que os judeus se recusavam a comer na sua religião de origem. Na sua confeção é usado o sangue do animal devidamente escaldado, pão, laranjas e as vísceras do cordeiro. A tradição mantém-se desde o século XVI.
Os bolos da Páscoa, o folar, o bolo finto, as queijadas, as boleimas e os bolos da massa. O bolo da massa é o Pão Ázimo, os pães que os judeus comem durante a Páscoa em memória da fuga de Israel.
Segundo a história o povo Judeu fugiu da escravidão tão à pressa que não tiveram tempo para deixar o pão levedar, por isso o Pão Ázimo não leva fermento, está interdito aos judeus durante a época da Páscoa. O Bolo Finto e o Folar têm aqui uma forma de cruz ou Lagarto. Ler o artigo completo

Veja também: 

A Páscoa em Castelo de Vide

 

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