![]() | Pedro Calafate, Professor catedrático da Universidade de Lisboa |
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”Não duvide: a reacção contra o pensamento único é muitas vezes a forma envergonhada de colocar reservas morais ao capitalismo” . Como se vê, esta é uma maneira de escrever em português a língua estrangeira do pensamento único»
Manuel Alegre, «Abdicar da língua é abdicar da alma», in Arte de Marear, Lisboa, 2002, p. 66.
«Concordo com Steiner contra Chomsky: “Cada língua é um acto de liberdade que permite a sobrevivência do homem. A multiplicidade e a complexidade das línguas é a única riqueza para os povos despojados de todo o mais. Com cada língua que morre apaga-se a possibilidade ontológica de ser. Cada língua é algo que tem a ver com aquilo a que Blake chamou o sagrado do particular” (…) Escrever ou falar as línguas nacionais começa a ser um acto de resistência.
Mas o pior é que muitos dos que escrevem ou falam na sua língua já pensam noutra. E falam ou escrevem como se estivessem a traduzir (…) Não é adoptando o inglês como língua dominante que podemos afirmar a singularidade e a personalidade cultural dos nossos povos. Abdicar da língua é abdicar da alma»