Quando o cantor e compositor Caetano Veloso compôs o verso acima, em uma de suas canções, alguns não entenderam bem o que o poeta queria dizer.
Na verdade, o artista quis valorizar a língua portuguesa. Em que pese ser uma pessoa já consagrada no mundo da música, Caetano estava realçando a importância da língua pátria, além de dar a entender que roçando, em sentido figurado, claro, sua língua à língua de Camões estivesse ávido por aprender, cada vez mais, o português.
Há duas semanas fiquei bastante feliz quando uma das mais conceituadas revistas brasileiras fez uma belíssima reportagem sobre a importância da leitura, deixando claro que o progresso pessoal e o sucesso profissional, de qualquer um, passa, necessariamente, pelo hábito salutar da leitura.
A revolução causada pelo advento da internet, trouxe, consigo, um grande comodismo no tocante ao exercício da escrita, do uso da fala, da articulação de idéias. Aproximou as pessoas, apenas, virtualmente, na verdade tornou-as mais solitárias, ilhadas em seus lares ou escritórios.
Na contramão da forma contemporânea de se comunicar estão surgindo, segundo a revista, tribos de neoleitores, notadamente adolescentes, que estão promovendo encontros destinados à leitura de bons livros, inclusive, de alguns clássicos da literatura brasileira e mundial.
Sempre disse aos meus alunos que o acadêmico do curso de Direito que tivesse trauma com a língua portuguesa, e aversão à leitura, havia escolhido a profissão errada. Advogado, no exercício da ampla defesa e do contraditório, não faz outra coisa que não seja interpretar e escrever.
Certa feita, ao realizar uma audiência, um juiz de Direito advertiu-me para o fato de ter escrito em minha peça uma palavra errada em latim. Com a devida vênia, respondi ao Excelentíssimo que eu só estava obrigado a escrever corretamente por força do Art. 13 da Constituição Federal, em português, resposta que, de certa forma, com certeza, o irritou.
Fico um tanto quanto desapontado quando vejo inúmeros pais e mães de família estimulando seus filhos a estudarem outro idioma, sem antes observarem qual foi a nota dele, ou dela, na escola, em língua portuguesa. Não que o aprendizado de outro idioma não seja importante para o mundo de hoje, para a formação de um profissional melhor preparado, o problema é que não estamos dando a merecida importância à língua portuguesa, principalmente em alguns currículos de cursos universitários.
Causa-me espanto o fato de muitos dos nossos acadêmicos não demonstrarem habilidade, intimidade e, mais do que isso, amor ao nosso idioma oficial.
É uma constatação tardia, que, felizmente, ainda, pode ser corrigida para o bem de todos e felicidade geral dos nossos futuros profissionais.
Faço minhas as palavras de um famoso educador que disse: “A pessoa que não lê, mal fala, mal ouve e mal vê.”
JOSÉ CARLOS CARVALHO, advogado e professor em Cuiabá.
FONTE: Midianews