A Indonésia quer ensinar português a crianças e católicos

A administração regional das Flores Orientais, na Indonésia, quer ensinar português às crianças, à confraria “Rainha do Rosário” e ao grupo Mama Muji, que reza na língua de Camões há vários séculos, no seguimento da evangelização de missionários católicos portugueses na região.

“Nós temos um grande plano. Podemos ter classes de português aqui, mas temos um problema com a falta de professores”, disse à agência Lusa o regente das Flores Orientais, Joseph Lagadoni Herin, acrescentando que pretende cooperar com a embaixada portuguesa na Indonésia ou com as autoridades de Timor-Leste para encontrar a pessoa certa.

Assim que tiver um professor, o regente das Flores Orientais quer iniciar as aulas de modo consistente e regular. “Não nos é dificil iniciar o português aqui, porque o português tem a mesma estrutura que o Indonésio. Logo, nós esperamos que as crianças, a confraria e o Mama Muju possam aprender”, salientou Joseph Lagadoni Herin.

O Mama Muji (“Louvor de Mãe”), iniciado no século XVIII, é um grupo de 125 mulheres casadas que reza em português obrigatoriamente durante a Semana Santa, mas todos os sábados cerca de 80 elementos do grupo e outras pessoas que não fazem parte do mesmo deslocam-se à “Gereja Tuan Ma” ou Capela da Senhora Mãe para rezar o rosário na língua de Camões.

Há centenas de palavras em indonésio derivadas do português, como “bola”, “boneka”, “Keju”, “sekolah”, mas nas regiões de Flores Orientais e Sica os vestígios estão ainda mais presentes, não só nas orações, que também acontecem na regência de Sica, mas também nas palavras usadas no quotidiano, como por exemplo os dias da semana.

Os portugueses foram os primeiros europeus a chegar à Indonésia, em 1512, na mira de especiarias e, embora não tenham colonizado o país, procederam a uma forte evangelização católica até 1859, ano em que assinaram um tratado com a Holanda.

Fotos: Indonésias de diferentes idades e até alguns homens rezam e cantam em português, por vezes intercalado com Indonésio, com o auxílio de livros, onde o português aparece escrito na forma mais conveniente para os indonésios, substituindo, por exemplo, “nosso” por “noso”, Flores, Indonésia, 23 de fevereiro de 2014. ANDREIA NOGUEIRA/LUSA


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