Pante Macassar, Timor-Leste, 26 nov (Lusa) – Agostinho da Silva, aluno de uma escola secundária próximo de Ermera, em Timor-Leste, nasceu em 1999 e hoje, em português claro e preciso, em tom de jovem político, defendeu a importância da educação para o futuro dos timorenses.
O discurso, um de vários apresentados por alunos de escolas de todo o país, fazia parte de um concurso de debates, em português, integrado nas comemorações dos 500 anos da chegada de portugueses a Timor-Leste.
“A 25 de abril de 1974, Timor-Leste vivia na escuridão, aliás, sem educação. Existiam apenas alguns pontos de luz”, disse o jovem, referindo-se a alguns dos líderes históricos do país: Nicolau Lobato, Xavier do Amaral, José Ramos-Horta, Mário Carrascalão e Mari Alkatiri.
O jovem é da primeira geração a nascer em Timor-Leste livre da presença colonial portuguesa ou da ocupação indonésia e que, ao mesmo tempo e apesar das dificuldades, demonstra os esforços das autoridades timorenses para o ensino do português no país.
Apesar de as estatísticas serem pouco claras, evidencia-se um crescente número de jovens a falar português, uma língua praticamente proibida em Timor-Leste durante a ocupação indonésia e que vai regressando ao país.
Todos os que hoje à tarde subiram ao palco de Palaban – onde no sábado cantam Tony Carreira e Tito Paris – são dessa geração e representam o que a liderança timorense quer assinalar com as celebrações que levaram a Oecusse, por estes dias, milhares de pessoas, mais ou menos famosas.
O objetivo é celebrar as marcas que o contacto com Portugal e portugueses deixou na identidade timorense, visíveis na língua, mas também na religião, como se evidenciou hoje na cerimónia de crisma em que 1.200 pessoas receberam a bênção do bispo Basílio do Nascimento, ao lado da Igreja da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário.
O enclave onde há 500 anos chegaram os primeiros portugueses é hoje o destino de muitos em Timor-Leste, com anónimos, responsáveis timorenses e convidados internacionais a chegarem à região para as celebrações de sexta-feira e sábado.
Taur Matan Ruak, chefe de Estado, e o ex-presidente da República José Ramos-Horta chegaram hoje, a bordo da fragata Betano, comandada pelo responsável do componente naval das Forças de Defesa de Timor-Leste, o capitão de fragata Hijino das Neves.
A Betano e a sua ‘irmã’, a Jaco, doadas por Portugal, fizeram a viagem de cinco horas entre o Porto de Hera, a leste de Díli, e o porto de Oecusse, onde, na quarta-feira, por terra, chegou o primeiro-ministro, Rui Maria de Araújo, e vários membros da sua comitiva.
Por avião, no Twin Otter 400 para 19 passageiros – o primeiro avião de Timor-Leste, comprado pela autoridade regional de Oecusse – chegaram dezenas de pessoas, incluindo quase 30 que vão receber a Ordem de Timor-Leste.
Os principais VIP são esperados na sexta-feira e hoje ainda se ultimam preparativos nos vários hotéis, alguns mais improvisados, onde se vai instalar o que é uma enchente sem precedentes para Oecusse.
O programa oficial começa na manhã de quinta-feira com a inauguração, de uma caravela em bronze, feita em Vila Nova de Gaia, em Lifau, a praia onde há 500 anos chegaram os navegadores portugueses.