A escritora e poetisa, Vera Duarte, lança nesta sexta-feira,8, a sua mais nova obra intitulada “A Vénus Crioula”, no auditório do BCA, em Chã de Areia, cidade da Praia.
O lançamento, a cargo de Norma Lima e Tété Alhinho, está marcado para às 18 horas, sob a chancela da Rosa de Porcelana Editora.
O livro retrata, segundo a editora, a história da “Vénus de Botticelli”, uma bela jovem, negra e nua, de rebeldes cabelos soltos, nascendo numa concha-útero, uma figura não silenciosa, como a do quadro, mas dotada de uma voz encantatória, como a das sereias.
“No entanto, ao contrário destas, não é um ser maléfico, mas uma deusa benfazeja, como Iemanjá: mulher-milagre, cúmplice de todas as mulheres, mãe, filha, irmã, amante, artista, a nova mulher africana, forte e poderosa, nascendo de gerações e gerações de mulheres sofridas, exploradas, emudecidas e martirizadas, não só pelos colonialistas europeus como pelas suas próprias culturas nativas”, lê-se na sinopse.
“A Vénus Crioula” apresenta características “sem dúvida” frequentes nas gentes de Cabo Verde (e não só), que, através de naufrágios, perdas, desespero, infortúnios e mortes, “não perdem o dom da humanidade nem o dom do amor e da esperança”.
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“Quando era Ministra da Educação e do Ensino Superior, encontramo-nos uma vez, eu e o (então) Presidente Pedro Pires, em São Vicente no Centro Cultural do Mindelo, e em conversa ele disse-me ‘há uma história tão grande por ser descoberta e estudada pelos investigadores cabo-verdianos que é a história trágico-marítima cabo-verdiana, porque não está praticamente nada feito’. Aquilo calou muito fundo quando ele fez essa observação e eu, que não sou nem historiadora nem socióloga, não posso ir por essa via, eu pensei ‘um dia hei-de escrever um livro que de alguma forma tem uma história de naufrágios para contar'”, relata a autora com quem a RFI abordou os seus mais recentes trabalhos, a mensagem que tenta fazer passar e o seu olhar sobre a actualidade.
Fonte: RFI