A ditadura dos linguistas

Basta um exemplo, dos vários levantados pela escritora, para se perceber o tipo de problema que ela identifica: até ao 7.º ano são ensinados os complementos circunstanciais de modo, tempo e lugar mas, a partir do 8.º ano, esses conceitos deixam simplesmente de existir, o que inevitavelmente deve estabelecer uma enorme confusão nos alunos e nos próprios professores.

Mas há mais. Teolinda descreve uma lista de conceitos que acha serem de utilidade duvidosa para a compreensão da língua: verbos transitivos diretos e indiretos, ou diretos e indiretos ao mesmo tempo; verbos de estado, verbos de eventos que podem ser instantâneos ou prolongados; verbos epistémicos, percetivos ou psicológicos; sujeitos nulos, entre muitos outros mimos.

Essa crítica motivou uma resposta em defesa do Programa de Português do Ensino Básico, assinada por Maria Helena Mira Mateus, “Professora catedrática jubilada da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa”, que levanta uma questão pertinente, que resumo assim: aprender Português não é só ler uns livros e não dar erros de ortografia, é também perceber o que está por detrás da construção da língua.

Volto à essencial proposta de Vasco Graça Moura sobre o cânone literário (e aproveito para pedir desculpa por ter, estupidamente, dado a entender que a sua proposta implicava “banir” do ensino autores como Fernando Pessoa ou José Saramago) e relembro o que ele constata: “deveria haver um conjunto de obras literárias escritas na nossa língua que todos teriam de conhecer” e “no plano do ensino, isto parece uma evidência elementar, mas tem andado mais ou menos esquecido”.

Releio a discussão entre a escritora e a linguista, entre os que acham que se devem ler mais e mais obras literárias e os que pugnam pela predominância do ensino da gramática. Ler o artigo completo.

 

por PEDRO TADEU

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