Um graffiti escrito em mirandês numa parede de uma casa em Miranda do Douro, 17 de janeiro de 2019. JOSÉ COELHO/LUSA
Pois este falar estranho não é português, nem espanhol, nem um misto de um e outro, mas sim um idioma individual, filho do latim, com semelhanças e anomalias dos dois irmãos fronteiros, e características indiduais que o fazem ser independente e intremédio de ambos (Mourinho 1944: 270)
A origem do mirandês remonta ao período em que, numa zona muito mais vasta, incluindo as Astúrias e Leão, se começou a constituir um grupo de variedades romances […] que as distinguiam dos outros romances também em formação […]. Apesar de pertencerem ao mesmo continuum linguístico, os dois idiomas [asturiano e mirandês] ocupam extremos opostos do território respectivo, traduzindo-se o seu afastamento geográfico e o seu alheamento comunicativo em diferenças de fala bastante significativas que as normas ortográficas respectivas não podem ignorar (Ferreira et alii 1999: 9)
A língua mirandesa é falada nas regiões do extremo nordeste de Portugal. Possui status de língua oficial em Portugal desde 1999.
Pertencente à mesma “família” da ex-língua leonesa, foi reconhecida pelo Estado português como “a língua da região da Terra de Miranda” através da “Lei de Reconhecimento dos Direitos Linguísticos da Comunidade Mirandesa”. Apesar das previsões de seu fim no século passado, ainda é falado e nas últimas décadas adquiriu um padrão ortográfico, que deu origem à literatura escrita.
Além disso, houve a introdução de programas de ensino do idioma nas escolas regionais e um aumento vigoroso de sua presença na internet.