Praia, 04 jul (Lusa) – A primeira edição do Festival de Literatura-Mundo arranca quinta-feira no Sal, reunindo autores, editores, jornalistas, investigadores e críticos de 13 países e a elite literária cabo-verdiana onde não falta um chefe de Estado romancista.
Durante quatro dias, a mais turística das ilhas cabo-verdianas acolhe uma meia centena de escritores, editores, investigadores, jornalistas e críticos literários, num encontro que pretende divulgar o conceito “literatura mundo”, tornando o Sal numa referência cultural no meio do Atlântico.
Promovido pela Câmara Municipal do Sal, o Festival de Literatura-Mundo do Sal (FLMSal), tem curadoria do escritor português José Luís Peixoto e a organização científica da editora Rosa de Porcelana.
Posicionar Cabo Verde, através da ilha do Sal, num mapa internacional dos eventos da Literatura-Mundo e dar visibilidade ao arquipélago, enquanto destino turístico também cultural e literário são os objetivos do festival.
O evento quer também identificar escritas com potencial “mundializável”, nomeadamente entre os escritores cabo-verdianos, privilegiando nesta primeira edição a literatura em português.
O festival será aberto oficialmente pelo Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, que participa também como escritor ao lançar oficialmente durante o evento o seu primeiro romance, “O Albergue Espanhol”.
O programa inclui o lançamento diário de livros, estando prevista a apresentação de obras como “Polaroides de distintos naufrágios” de José Luiz Tavares ou o “O Cisne Branco” de Evel Rocha, além de palestras, oficinas de escrita, teatro e música.
Previstas estão também, em parceria com a Fundação José Saramago e a Academia Cabo-Verdiana de Letras, homenagens ao escritor português e Nobel da Literatura, José Saramago, e ao poeta cabo-verdiano Corsino Fortes, ambos já falecidos.
“Vamos ter vários escritores. É difícil destacar algum, mas vamos ter a poeta são-tomense Conceição Lima, o escritor brasileiro Sérgio Rodrigues, o português Francisco José Viegas e também uma boa delegação de escritores cabo-verdianos, como o Arménio Vieira ou José Luiz Tavares”, disse à agência Lusa Márcia Souto, da editora Rosa de Porcelana.
Germano Almeida, Dina Salústio, Onésimo Silveira são outros nomes da literatura cabo-verdiana presentes num evento em relação ao qual existem, segundo Márcia Souto, “altas expectativas”.
“A primeira edição sempre traz muitas dúvidas e receios, mas também muita vontade de que as coisas aconteçam. Estamos a trabalhar há meses e vai ser um bom momento”, disse.
A responsável da editora apontou a mobilização de apoios como a maior dificuldade na organização do festival, que conta com como mecenas a empresa de Aeroportos e Segurança Aérea (ASA), mas mostrou-se convicta de que esta é uma iniciativa para continuar.
“Vão estar escritores de 13 nacionalidades e para trazer pessoas de vários lugares para representar a literatura mundo, os apoios são sempre o maior desafio”, disse.
O evento, classificado pela organização como um “convívio cultural” terá uma parte “criativo-literária” e outra de reflexão científica sobre a temática literatura-mundo, que engloba uma especificidade de escrita marcada pela universalidade, intemporalidade, tradutibilidade e interculturalidade.
Nesse sentido, a professora Inocência Mata fará uma conferência de abertura sobre esta temática.
Com a realização da primeira edição do Festival de Literatura-Mundo do Sal a organização espera conseguir, com as próximas três edições, o aumento da procura turística e a integração da ilha do Sal nos encontros de Literatura-Mundo, tornando o Sal numa “ilha literária”.