No desejo de este ser mesmo um Natal de boa memória

Através deste tocante e inédito poema de nosso sócio Mário Máximo, enviamos aos amigos e colaboradores do OLP nossa Mensagem Natalícia de Boas Festas e um 2017 pleno de realizações.
Boas Festas
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NATAL DE BOA MEMÓRIA

Era dezembro de um ano qualquer

como será dezembro de um ano que vier

Uma paisagem feita de cores e de estrelas

e de coisas simples que só acendem vozes belas

 

Era o dia de haver neve e frio nas terras do norte

Mas também, nos trópicos, um calor forte

Era a vez de o mundo ser melhor dentro de si

Melhor do que já foi e tem sido até aqui

 

Eram os risos dos lábios que murmuravam doces

Até ser o tempo de te dizer que fosses

O rosto que eu desejava ao pé de mim

Sem que para tal tocassem vaidades de clarim

 

Eram as interrogações dos adultos e das crianças

Envoltas nos sonhos de poemas e de tranças

Corriam as brisas com enfeites de calor e de vida

Lançando sempre a vertigem mais querida

 

Era o mês inesperado das andorinhas, dos teatros, dos brinquedos

Era a certeza de não podermos estar rodeados de medos

Havia, ainda, o aroma subtil das urzes e das romãs

Que acordavam os duendes e as fadas no dealbar das manhãs

 

Sim, era o mês de ser dezembro onde tinha de ser

O mês de crepitar lenha na lareira de o amor acender

Era o recato dos presépios de ensejos únicos de cada vez

Onde sempre chegariam os reis magos aos pares de três

 

E tudo acontecia assim espantoso sob a abóbada celeste

Através das mensagens que no coração recebeste

Como se orquestras de flores e estranhas magias

Viessem ensinar a todos os que respiram a música das alegrias

 

Sim, era o mês de dezembro diferente de todos os anteriores

Porque mais feliz, mais farto, mais pleno de amores

Sem gente ostracizada no lado esquerdo do destino

Sem nada que pudesse ofender a sensibilidade do Deus Menino

 

E porque era assim, essa ilusão, coisa tão extraordinária

Que teve como origem a simplicidade de uma luz vária?

Talvez não seja fácil encontrar a justa resposta

Que nos venha permitir subir sem tristeza a dura encosta

 

A encosta onde a vida se admira de modo mais feliz

E por isso, ao subir ao cume, chegamos à raiz

Do que explica a razão de aqui estarmos em glória

No desejo de este ser mesmo um Natal de boa memória

MÁRIO MÁXIMO
19 de dezembro de 2016

mario-maximo

MÁRIO MÁXIMO é natural de Lisboa e tem uma intensa atividade como escritor, tendo já publicado vinte livros. Oração Pagã, As Viagens Essenciais e Mercador de Utopias (na poesia), A Ilha e O Infausto Quarteto (no romance) são alguns dos títulos que mais se destacaram. No teatro houve duas peças já editadas: O Homem Que Tinha A Música Na Cabeça e Nickname (esta última levada à cena tendo como protagonista o ator André Gago). Como declamador desenvolve também uma carreira intensa, realizando recitais por todo o país e tendo já editado o CD DIZERPESSOA.

Agora, nos finais de 2016, surge nos escaparates o livro ANTOLOGIA – POEMAS ESCOLHIDOS – 30 ANOS DE POESIA. Um livro prefaciado pela Profª. Doutora Inocência Mata e que agrega uma escolha poética do autor, realizada sobre os treze livros de poemas editados nos trinta anos que mediaram entre 1986 e 2016.

Sendo, para além de escritor, economista, tem exercido na sua vida profissional funções como gestor público e privado, tendo já desempenhado, entre muitas outras atribuições, gestão de topo em empresas multinacionais bem como a de vereador e vice-presidente da Câmara Municipal de Odivelas e a presidência do Centro Cultural Malaposta. No plano da gestão cultural foi, ainda, Presidente da Associação Fernando Pessoa e Diretor da Fundação Natália Correia.

A Lusofonia tem assumido um papel de muito relevo na vida de MÁRIO MÁXIMO. É Comissário Estratégico da Bienal de Culturas Lusófonas (Odivelas), que em 2015 registou a sua quinta edição. Dirige o Fórum Lusofonia (Fórum de debate alargado dos assuntos lusófonos) e organiza o Encontro de Escritores Lusófonos (um dos mais concorridos encontros literários lusófonos realizados em Portugal).

Centenas de figuras articuladas dão vida a um presépio de grandes dimensões, construído por José Cortes, um habitante de Lagos, no Algarve, e que há seis anos é motivo de atração turística na sua garagem naquela cidade algarvia, 19 de dezembro de 2016. Construído com madeiras, esferovite e pedras, o mega presépio integra vários cenários, onde as mais de 800 figuras retratam o nascimento de Jesus, atividades rurais e profissões como a de ferreiro, carpinteiro ou as lavadeiras. LUÍS FORRA/LUSA
Centenas de figuras articuladas dão vida a um presépio de grandes dimensões, construído por José Cortes, um habitante de Lagos, no Algarve, e que há seis anos é motivo de atração turística na sua garagem naquela cidade algarvia, 19 de dezembro de 2016. Construído com madeiras, esferovite e pedras, o mega presépio integra vários cenários, onde as mais de 800 figuras retratam o nascimento de Jesus, atividades rurais e profissões como a de ferreiro, carpinteiro ou as lavadeiras. LUÍS FORRA/LUSA
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