É a primeira língua de dezenas de milhões de alunos mas só 11 países a têm nos currículos oficiais como segunda ou terceira, abrangendo 80 mil estudantes
Milhões de alunos aprendem em português nos seus países. Desde logo, naqueles onde o idioma é falado ou existe uma forte comunidade de imigrantes e lusodescendentes. Mas, entre os que têm outras línguas oficiais, apenas 11 (ver caixa) oferecem a Língua Portuguesa como oferta curricular, acessível à generalidade dos estudantes do ensino secundário. No total, contam com mais de 80 mil alunos. E um deles responde por mais de metade: 44 mil. Não é a Espanha – essa surge em segundo lugar, com 23 mil estudantes. É o Senegal.
“Esta é uma relação que tem muitos antecedentes”, diz ao DN Ana Paula Laborinho, presidente do Instituto Camões. O português, lembra, está nos currículos desde 1960, ano em que o país ganhou a independência e passou a ser liderado pelo político e escritor Léopold Sedar Senghor, cujo apelido paterno deriva da palavra portuguesa: “Senhor”. “Durante muito tempo, a figura de Senghor foi protetora e tutelar da luta contra o domínio colonial, a par do [angolano] Agostinho Neto. Essas duas figuras contribuíam para essa presença, ainda hoje, de uma massa tão grande de interessados no Português, que depois tem também uma expressão na universidade, onde se formam os professores que nas 14 regiões ensinam a língua.
Há outros antecedentes históricos. Os portugueses foram os primeiros estrangeiros a chegar ao local, em meados do século XV. A Sul, junto à fronteira com a Guiné-Bissau, existe o enclave de Casamansa – assim batizada pelo navegador Dinis Dias, que a descobriu em 1455 -, que chegou a estar integrada em território nacional e onde ainda é falado um dialeto com origem no Português.
Curiosamente, conta Ana Paula Laborinho, “nem sequer é aí que está a maioria” dos alunos que aprendem a língua. Ainda que seja aí que a cooperação portuguesa “está a apostar”, nomeadamente através da abertura, em 2015, de um Centro de Língua Portuguesa na Universidade de Ziguinchor.
Quanto ao resto do país, embora a cooperação nacional esteja presente, a oferta do Português já está autonomizada há muito tempo, existindo um programa nacional para a disciplina. “Os professores que saem das universidades do Senegal já estão bem preparados”, diz. “O trabalho que fazemos com m eles é diferente do que acontece com outros países”.
(…)
Onde se aprende como segunda língua
Existe ensino do Português em praticamente todo o mundo. Mas há apenas 11 países (nos Estados Unidos apenas nos estados do Massachusettse de Rhode Island) em que todos os alunos do secundário podem optar pela disciplina.
Senegal 44 000
Espanha 23 018
EUA 10 074
Namíbia 1 919
Bulgária 805
Polónia 150
Roménia 167
Hungria 90
República Checa 45
Croácia 30
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