Lisboa, 17 jul (Lusa) – Sete anos antes do nascimento da CPLP, a então dispersa comunidade lusófona criou a 01 de novembro de 1989 o Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), instituição que tem estado praticamente inoperante devido à falta de meios.
A crónica falta de verbas tem sido assumida pelos sucessivos diretores executivos, que lamentam a falta de meios oportunidade e se queixam de não conseguirem fazer omeletes sem ovos.
Reformulado em 1999 e em 2010, as expectativas de então rapidamente deram lugar a críticas, sobretudo ao facto de vários Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) não contribuírem para que fossem atingidos os objetivos do IILP, ou seja, a promoção e divulgação do português.
A 22 de julho de 2010, a então diretora executiva Amélia Mingas abandonou as funções, alegando estar “cansada de sacrifícios”. A linguista angolana, nomeada em 2006 e reconduzida em 2008, lamentou a “inoperância face à falta de meios” financeiros.
Dois meses antes, a 06 de maio, em declarações à agência Lusa, Amélia Mingas ainda se mostrava otimista, depois de, em março do mesmo ano, numa reunião do Conselho de Ministros da CPLP realizada em Brasília, os chefes da diplomacia terem decidido “reformular” o IILP, dotando-o de mais meios financeiros, algo que acabou por não acontecer, levando a linguista angolana a deixar a organização.
“Podem fazer-se mil projetos, mil propostas de refundação do IILP, mas se não se derem os meios financeiros para que realize tudo o que está pensado, um milhão de diretores vão ter sempre o mesmo problema”, disse na altura Amélia Mingas, adiantando que o orçamento de 190 mil euros voltava a servir unicamente para garantir o funcionamento do instituto.
Amélia Mingas foi substituída no cargo pelo brasileiro Gilvan de Oliveira, em 2010.
Se a falta de meios financeiros já impedia que se alcançasse as metas, as divisões, sobretudo entre Brasil e Portugal, quanto ao Acordo Ortográfico foram também determinantes para um atraso na definição clara das atribuições do IILP, levando mesmo Gilvan de Oliveira a assumir que a “competição” entre os dois países eram “um empecilho para o crescimento do português”.
Para as tentar “ultrapassar, diluir ou fomentar uma cooperação e não a competição”, como disse Gilvan de Oliveira na altura à Lusa, o IILP criou um Portal para o ensino de Língua Portuguesa, congregando as variantes de todos os países lusófonos, e o Vocabulário Ortográfico Comum (VOC), plataforma que integra as palavras nacionais dos diferentes países.
No entanto, a visibilidade do IILP não cresceu e tal não ficou imune às críticas da nova diretora executiva da instituição, a moçambicana Marisa Mendonça, que se mostrou convicta, ao tomar posse, em outubro de 2014, de que é possível criar maior credibilidade, via parcerias com outras instituições que promovem o português.
O discurso da necessidade de dar maior visibilidade e credibilidade ao IILP vem desde sempre e Marisa Mendonça não fugiu à tentação de o manter à tona, mesmo depois de ter ouvido palavras de encorajamento de uma antiga diretora executiva da entidade, a poeta e escritora cabo-verdiana Ondina Ferreira (2001/04), que, a 03 de novembro de 2012, na Praia, disse que a instituição tem sido “mal compreendida”.
“Vê-se que o IILP afirmou-se. A afirmação do português, inclusivamente como língua nacional do espaço específico dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa – Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe) é um grande ganho”, salientou então Ondina Ferreira à Lusa.
“O IILP pode estar a desenvolver um trabalho menos visível, mas de uma imensa e extraordinária importância, que não será visível, mas que, a pouco e pouco, está a ganhar espaço. O IILP simboliza essa vontade conjugada de ser um património para cada um dos Estados membros. Essa é a grande conquista do IILP”, concluiu.
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