Cimeira da CPLP prevista para julho poderá ser adiada

CPLP

Lisboa, 13 mai (Lusa) – O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) admitiu hoje que a cimeira dos “nove” prevista para julho possa ser adiada, garantindo, porém, que será concretizada “pelo menos até ao fim do ano”.

Murade Murargy indicou que a recente crise política no Brasil, que culminou na quinta-feira com o afastamento temporário da Presidente Dilma Rousseff, poderá ter implicações no agendamento da cimeira e que irá contactar rapidamente o Presidente interino brasileiro, Michel Temer.

Murargy lembrou que, até ao fim do ano, além da crise política no Brasil, onde decorrerão também os Jogos Olímpicos, em agosto, haverá ainda eleições Presidenciais em São Tomé e Príncipe e em Cabo Verde, que também terá eleições autárquicas.

O secretário-executivo da CPLP lembrou, por outro lado, a cimeira da União Africana (UA, em julho) e a nova instabilidade política na Guiné-Bissau, que culminou na quinta-feira com o Presidente, José Mário Vaz, a demitir o Governo de Carlos Correia, empossado em setembro de 2015.

A cimeira da CPLP, entre outros temas, irá eleger a nova presidência da comunidade, que passa de Timor-Leste para o Brasil, bem como substituir o atual secretário-executivo, tendo como única candidata à sua sucessão a antiga primeira-ministra e atual governadora do Banco Central de São Tomé e Príncipe, Maria do Carmo Silveira.

“Julho não vai ser de certeza. Não acredito, porque em julho temos a cimeira da UA, que já tem as datas marcadas e os chefes de Estado já se comprometeram. Depois temos as eleições (presidenciais) em São Tomé e Príncipe e os Jogos Olímpicos em agosto (no Brasil)”, lembrou.

A partir de agosto “poderá acontecer em qualquer momento”, prosseguiu, lembrando, porém, as eleições autárquicas (junho/setembro) e presidenciais (setembro/outubro) em Cabo Verde.

“Pode ser que Cabo Verde não se sinta também em condições de participar na Cimeira. Teríamos então dois chefes de Estado quase impedidos de participar na cimeira, o que já não é bom”, sublinhou.

Nesse sentido, indicou ter pedido recentemente ao Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, e que vai fazer o mesmo a partir de segunda-feira, dia em que chegará a Timor-Leste, ao timorense, Taur Matan Ruak, para que dialoguem com os homólogos, sobretudo com o brasileiro, para que se marque a cimeira.

Sobre a crise brasileira, Murargy escusou pronunciar-se – “é um assunto interno do Brasil e não tenho de me imiscuir” -, limitando-se a indicar que está a acompanhar a situação e que, por essa razão, espera que Temer marque rapidamente uma data para a cimeira, pelo que irá contactá-lo em breve para o felicitar e lembrar-lhe o assunto.

“Temer conhece muito bem a CPLP, que já visitou e com quem eu me tenho relacionado até haver essas confusões todas. Sempre manifestou um grande interesse pela CPLP. Espero é que encontre um estado de espírito calmo e que a situação normalize, para que possa ter um momento para pensar um pouco na cimeira da CPLP e que marque a data”, afirmou o secretário-executivo da comunidade lusófona.

Para Murargy, “é preciso” que a cimeira decorra “num clima de paz e de estabilidade” e na presença da grande maioria dos chefes de Estado e de Governo, “porque realizar uma cimeira com muitos ausentes dilui a sua importância”.

“É uma cimeira dos 20 anos, que vai adotar a Nova Visão Estratégica da CPLP e que vai eleger um novo secretário executivo. Reveste-se de uma grande importância. E vai também avaliar a situação nos nossos países. Os chefes de Estado vão ter oportunidade de trocar impressões sobre o que se passa nos nossos países e como se podem articular para encontrar soluções para a paz e estabilidade nos países com problemas, como Brasil, Guiné-Bissau e Moçambique”, frisou.

Questionado pela Lusa sobre se aceitará manter-se em funções caso a cimeira seja oficialmente adiada, Murargy manifestou-se disponível, até porque não pode tomar a iniciativa de “abandonar o barco” depois de ter recebido o apoio dos chefes de Estado.

“Terei de esperar até que escolham outra pessoa para me substituir. É verdade que me atrapalha um pouco (a vida). Já tinha feito planos, mas, se tiver de ser assim, vou fazer o quê? Sou um servidor dos nossos Estados-membros. Vou ter de me aguentar até eles decidirem reunir-se para eleger o sucessor”, concluiu.

JSD // VM – Lusa/Fim
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