Corsino Tolentino lança o novo livro “Cabo Verde – Janelas de África (1975-2015)

Praia, 26 fev (Lusa) – O diplomata, académico e antigo ministro cabo-verdiano André Corsino Tolentino disse hoje que o mais surpreendente dos 40 anos de Cabo Verde foi o país ter-se aguentado, apesar dos muitos problemas por resolver.

“Está claro que definitivamente Cabo Verde mudou. Do ponto de vista político, moral e da identidade nacional houve um renascimento autêntico a partir de 1975. Tivemos que responsabilizar-nos pela nossa cabeça, pela nossa existência e (…) o surpreendente é termo-nos aguentado. Apesar de todos os problemas que continuamos a ter, aguentamo-nos, o país está a crescer e a desenvolver-se. E essa é a parte mais surpreendente”, declarou Corsino Tolentino.

O antigo embaixador de Cabo Verde em Portugal falava à agência Lusa hoje à margem do lançamento, na cidade da Praia, do seu novo livro “Cabo Verde – Janelas de África (1975-2015), depois de lançamentos na ilha natal de Santo Antão e São Vicente.

O livro, uma coletânea de crónicas escritas nos últimos 40 anos, agrupadas por décadas e apresentadas por ordem cronológica decrescente, acompanha esse percurso do país.

Nele se se incluem textos da rúbrica “Águas Correntes”, que desde 2007 mantém na revista África 21 e da seção “Numa palavra” publicada na década de 90 no jornal a Semana.

Apresenta ainda textos dos primeiros anos da independência divulgados em publicações como o Novo Jornal de Cabo Verde, Nos Luta ou Unidade e Luta, bem como textos sobre o percurso pessoal e político do autor.

Trata-se de um conjunto de reflexões sobre os mais diversos aspetos da realidade cabo-verdiana, da relação de Cabo Verde com a Europa e com África.

Reflexões que o autor revisitou para organizar o livro e que se revelaram ainda atuais.

“O que mais me surpreendeu foi o caráter atual de certos textos, de certa reflexão sobre a realidade socioeconómica e política do país”, disse.

Considerou que se trata de um conjunto de textos que dão ao potencial leitor “uma ideia do que foi possível mudar definitivamente e do que não foi possível e continua entre o problema e o favorável”.

“Gostaria que este livro produzisse um resultado imediato (…) que é a participação, é haver mais discussão, mais debate a partir de informação fidedigna. Se conseguir isso dou-me por satisfeito”, disse.

Durante a apresentação do livro, que decorreu numa sala repleta e com a presença de algumas das principais personalidades cabo-verdianas, Corsino Tolentino assinalou que a “haver um fio condutor do livro” gostaria que fosse a “coerência das sucessivas tentativas para abrir o país ao diálogo e ao debate de ideias”.

Sobre o título do livro, Corsino Tolentino explicou, anteriormente à Lusa, que assentou em três argumentos: a janela pertence ao edifício e permite olhar para dentro e para fora; sendo diferentes, as ilhas convergem na cabo-verdianidade e, assim, Cabo Verde é África e é mundo.

Corsino Tolentino dedicou o livro a “todos os educadores da comunidade de língua portuguesa em todos os continentes”.

André Corsino Tolentino, 70 anos, antigo embaixador cabo-verdiano em Portugal, pertenceu ao movimento de libertação de Cabo Verde, é membro da Fundação Amílcar Cabral e promoveu a criação do Instituto da África Ocidental e da Academia das Ciências e Humanidades de Cabo Verde.

Trabalhando com organizações internacionais da sociedade civil, dedica-se atualmente à pesquisa sobre a integração regional e as migrações.

Em 2015 recebeu o prémio Liderança da Universidade de Minnesota, Estados Unidos.

CFF (RYPE) // ARA – Lusa/FimCorsino Tolentino
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