”Dicionário de personagens” da música de Cabo Verde

Lisboa, 09 mar (Lusa) – A investigadora e jornalista brasileira Gláucia Nogueira lança sexta-feira, dia 11 de março do 2016, o livro “Cabo Verde e a Música – Dicionário de Personagens”, uma “longa viagem” desde meados do século XIX e culmina quase 20 anos de investigação.

A autora é natural de Santo Anastácio, no interior do estado brasileiro de São Paulo, onde nasceu a 23 de março de 1964, mas desde 1990 que tem residido entre Portugal e Cabo Verde, onde tem exercido jornalismo e feito investigação sempre na área cultural.

A quarta obra de Gláucia Nogueira, atualmente doutoranda em Patrimónios de Influência Portuguesa na Universidade de Coimbra (Portugal), tem 672 páginas, conta com 254 imagens, entre fotografias, ilustrações e capas de discos, e pesa 1.150 gramas.

O livro é apresentado sexta-feira nas instalações da Associação Cabo-Verdiana de Lisboa (ACL) e será apresentado pela cantora cabo-verdiana Celina Pereira.

Em declarações à agência Lusa, Gláucia Nogueira indicou que o livro é fruto de uma investigação que começou em 1997 e que, originalmente, teve a “pretensão” de abranger os cinco Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP – Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe).

“Percebi rapidamente que seria um projeto megalómano. Acabei por virar-me para a música de Cabo Verde, pois apaixonei-me. É difícil não se apaixonar pela música cabo-verdiana”, sublinhou, lembrando que, da investigação global, saíram três outros livros, “talvez subprodutos” do que agora vai lançar.

Trata-se de “Batuku de Cabo Verde – Percurso Histórico-Musical” (editado em 2015 pela Pedro Cardoso Livraria, na Cidade da Praia) e “Notícias que Fazem a História – A Música de Cabo Verde pela Imprensa ao Longo do Século XX”, tese de mestrado com edição da própria autora (2007).

A primeira obra, “O Tempo de B. Leza – Documentos e Memórias”, foi lançada em 2006 e é dedicada exclusivamente ao mais importante compositor cabo-verdiano, com edição do Instituto Nacional da Biblioteca e do Livro (INBL) local.

Segundo Gláucia Nogueira, o “dicionário” abrange as práticas musicais em Cabo Verde e nas suas comunidades emigradas desde meados do século XIX, de quando provêm os primeiros registos sobre essa produção musical.

“Os personagens são compositores, cantores, grupos, professores, regentes de bandas, produtores e construtores de instrumentos, incluídos tanto os nomes consagrados como alguns de expressão apenas local ou regional e outros que figuram apenas na memória dos cabo-verdianos”, sublinhou.

Para Gláucia Nogueira, que trabalhou como jornalista na agência Lusa em Lisboa entre 1990 e 1994, as obras produzidas nesse contexto “compõem um património musical bastante eclético”, refletindo diferentes momentos sociopolíticos e da história da música popular mundial nos últimos 150 anos.

“Dá-se pela criação e performance de artistas que vivem ou viveram no arquipélago ou na emigração, nascidos em qualquer desses lugares, em diferentes épocas. Assim, tanto a música dita de raiz como a mais cosmopolita e contemporânea encontram aqui espaço”, sublinhou.

Entre diversas colaborações em vários jornais e revistas, Gláucia Nogueira foi também coordenadora do livro “De Rabidantibus” (2009), uma coletânea de textos publicados entre 1975 e 2006 na imprensa cabo-verdiana pelo então marido, o jornalista Manuel Delgado, que falecera em 2007 aos 58 anos.

O livro será igualmente apresentado em Coimbra pelo também ex-jornalista da Lusa e antigo delegado da agência em Cabo Verde Francisco Fontes a 23 deste mês, dia em que a autora celebrará o 52.º aniversário.

JSD // EL – Lusa/Fim

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