Ampliação das instalações da Escola Portuguesa em Díli

Díli, 13 dez (Lusa) – O Ministério da Educação português está a estudar um projeto de ampliação das instalações da Escola Portuguesa em Díli que permitirá acolher mais cerca de 200 alunos e melhorar outras infraestruturas, disse à Lusa o diretor da escola.

Acácio de Brito, diretor da Escola Portuguesa Ruy Cinatti, disse à Lusa que o projeto, que foi já aprovado pelo conselho de patronos do centro escolar, prevê a construção de mais um piso no edifício principal do espaço, acomodando entre 15 e 20 salas.

O projeto, que terá um custo de cerca de 3 milhões de dólares, prevê ainda a construção de uma sala multiusos que servirá como auditório e ginásio e ainda a instalação de dois campos desportivos, entre outras melhorias e alterações.

“O ensino do português tem que necessariamente que começar no pré-escolar e no 1º ciclo e para isso temos que ter condições. Não queremos aumentar muito o número de alunos, mas queremos criar condições para que um aluno do pré-escolar ou 1º ciclo, em vez de estar aqui ou de manhã ou de tarde, possa estar aqui todo o dia”, explicou.

Acácio de Brito mostrou-se esperançado de que a análise que está a ser feita pelo Ministério da Educação em Lisboa possa permitir que as obras avancem já em 2017.

“É uma escola que ficará com capacidade para cerca de 1.200 alunos, um número que penso ser razoável e com infraestruturas adequadas para o serviço da escola e da comunidade”, explicou.

O projeto de expansão e melhoria foi aprovado na última reunião do Conselho de Patronos durante a qual foi ainda aprovado o novo Projeto Educativo para o quadriénio 2016-2020, sob o princípio de “tantos e todos sendo”.

Este projeto, explica, assenta no “domínio do instrumento da língua portuguesa, com adaptações que reconheçam as especificidades de Timor-Leste, mas sem uma perspetiva paternalista, mantendo o mesmo nível de exigência”.

Como “prova de rigor” do ensino dado na escola, Acácio de Brito destaca que 100% dos alunos do 12º que se candidataram à universidade em Portugal entraram na primeira fase e na primeira das suas prioridades.

“E há alunos nossos a estudar com sucesso em Singapura, Macau, Nova Zelândia, Coreia do Sul e Portugal, além dos que optam por continuar a estudar aqui na Universidade Nacional Timor Lorosa’e”, frisou.

Acácio de Brito explica que quer a expansão da escola, agora proposta, quer medidas como o Centro de Formação, ajudarão a colmatar parte das dificuldades identificadas no projeto educativo que arrancou este ano.

Entre outros aspetos, esse documento destaca a “insuficiência de infraestruturas para o número elevado de alunos e para a procura cada vez maior”, a “escassez de condições para a prática da Educação Física”, a “baixa fluência de domínio da língua portuguesa por parte de muitos alunos” e ainda a “carência de formação do pessoal não docente”.

A escola, que já conta com um Laboratório de Conhecimentos, para apoiar alunos com maiores dificuldades a português (ou outras disciplinas) deve, na opinião de Acácio de Brito, trabalhar reconhecendo a “especificidade da dificuldade da língua em Timor-Leste, com alunos que chegam à escola sem saber falar português” e também o facto de contar com “um quadro profissional qualificado que pode ser qualificador”.

Nesse sentido, explicou, foi já criado um novo Centro de Formação de Professores, já acreditado e que começará a funcionar em janeiro, que permite transformar a Escola Portuguesa de Díli numa “entidade certificada para fazer formação contínua de professores e pessoal não docente”.

Atualmente a escola tem 921 alunos, a grande maioria timorenses, com uma longa lista de quase 900 famílias à espera de lugar na escola, que Acácio de Brito define como “escola farol” no sistema educativo em Timor-Leste.

A escola – que faz parte do sistema português – abriu no ano letivo de 2002/2003 com 166 alunos distribuídos por 2 turmas da educação pré-escolar, 2 turmas do 1º ano e 2 turmas do 2º ano do primeiro ciclo do ensino básico.

Atualmente, tem os 921 alunos – incluindo 764 timorenses e 114 portugueses – distribuídos por 39 turmas (da educação pré-escolar ao ensino secundário), 63 professores e 51 funcionários.

Cerca de 200 dos alunos da escola recebem alguma forma de apoio, quer através de programas semelhantes ao de ação social escolar – com isenções e descontos nas propinas e ou refeições – e através do sistema de ‘padrinhos’ em que 15 alunos são financiados por instituições ou cidadãos privados.

Assim, cerca de 60 alunos têm isenção total de propinas (que este ano letivo subiram para 35 dólares por mês) e de refeições (1, 5 dólares por dia), 61 não pagam propinas, 64 não pagam refeições e quase 38 têm descontos nas propinas.

Há ainda um grupo de 16 alunos especialmente carenciados a quem a escola dá reforço alimentar, que além do almoço inclui pequeno-almoço e lanche.

O preço das propinas vai descendo para famílias com dois ou mais alunos, com o segundo a pagar 30, o terceiro 25, o quarto 20 e o quinto a estar isento.

Em virtude do decreto-lei que criou a escola, os filhos dos funcionários e dos professores não pagam propinas.

ASP // JPS – Lusa/Fim
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